A diretoria da Petrobrás, comandada pelo lobista das múltis petroleiras, Pedro Parente, vai fazer mais uma negociata. Desta vez vai leiloar 90% do gasoduto Transportadora Associada de Gás (TAG), que atende a região Nordeste do País. Três empresas estrangeiras estão de olho na mamata. A francesa Engie, o fundo Mubadala, de Abu Dabi, e o consórcio formado pelo banco australiano Macquarie, a Itaúsa, da família Setúbal e a Brasil Warrant, dos Moreira Salles, os dois últimos, tradicionais testas de ferro de grupos estrangeiros.
O desmonte da Petrobrás, iniciado com os “desinvestimentos”de Aldemir Bendine, ainda no governo Dilma, e aprofundado no governo Temer, é apresentado como um “remédio” necessário para enfrentar as “dificuldades” da estatal. Só que, ao mesmo tempo que Parente fala em supostas “dificuldades”, fecha um escandaloso acordo judicial, transferindo R$ 10 bilhões da Petrobrás para acionistas americanos. Ninguém em sã consciência faria um acordo tão lesivo à Petrobrás como esse. Este generoso pagamento bilionário aos acionista dos EUA seria uma recompensa por supostas perdas que eles possam ter tido como consequência dos escândalos de corrupção desvendados pela operação Lava Jato. Ou seja, a Petrobrás teve seus cofres arrombados pelo conluio de PMDB, PT e PP com o cartel do bilhão e, depois, ainda teve que amargar um pagamento de 10 bilhões por ter sido roubada.
Se concretizada, a transação com o gasoduto virá em seguida à entrega de 90% de outro gasoduto, a Nova Transportadora do Sudeste (NTS). A NTS foi adquirida pela canadense Brookfield, que ficou com 82,35% e pelo Itaúsa, que ficou com os restantes 7,65%. Com esse negócio, a estatal recebeu US$ 5,1 bilhões. Foram vendidos 12 gasodutos que, somados, têm 2.048 quilômetros de extensão. Este valor é 35% da meta que a empresa esperava conseguir com a venda. Esses gasodutos vendidos transportam 158,2 milhões de metros cúbicos de gás natural todos os dias e atendem as demandas de cinco contratos com vigência de, pelo menos, mais 22 anos em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O porta-voz dos interesses das multinacionais, o lobista Adriano Pires, diretor da arapuca “Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)”, abriu o jogo e disse que Pedro Parente está fazendo o que o cartel das sete irmãs quer que se faça com a Petrobrás, ou seja, fatiá-la e vendê-la aos pedaços. “Aos poucos a estatal volta o foco para seu principal negócio, que é explorar e produzir petróleo. Não faz sentido ter investimentos nessas áreas”, afirmou o funcionários do cartel. Nem isso é verdade, porque Parente está vendendo poços de petróleo também.
No ano passado, a Petrobrás vendeu uma fatia de 25% do campo de Roncador, concluiu o processo de abertura de capital da BR Distribuidora e vendeu o campo de Azulão, na Bacia do Amazonas. Estão previstos para este ano leilões de áreas do pré-sal, inclusive áreas da cessão onerosa, que pertencem à Petrobrás, e, também, a finalização das vendas dos gasodutos. No mês passado, até o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi obrigado a barrar a venda da Liquigás – empresa de gás de cozinha – para o grupo Ultra.
Todo o setor, como o de gás, que é monopólio natural, quando passa para mãos privadas, deixa de ser um monopólio público, que leva em consideração os interesses públicos, e passa a ser um monopólio privado, cujo único objetivo – por ser monopólio – é a obtenção de superlucros, sem levar em conta os problemas dos consumidores.