
Decalaração conjunta inclui 27 países da União Europeia
Um conjunto de 32 países (os 27 que compõem a União Europeia, mais a Austrália, Canadá, Japão, Reino Unido e Suíça) denunciaram que o nível de sofrimento atingiu “níveis inimagináveis” na Faixa de Gaza e instaram a tomar medidas “urgentes” para acabar com a “fome”, enquanto a Holanda e a Alemanha exigiram por separado explicações a Israel pelo assassinato dos cinco jornalistas da Al Jazeera.
“São necessárias medidas imediatas, permanentes e concretas” para garantir o trabalho humanitário no terreno, por exemplo, com o fluxo normal de ajuda para a Faixa de Gaza, afirmaram os 32 países em comunicado, na terça-feira (13). “O espaço humanitário deve ser protegido e a ajuda não deve ser politizada”, assinalaram, instando o governo de Benjamin Netanyahu a autorizar a ajuda de organizações e agências internacionais.
O grupo de países signatários da declaração alertou contra o uso de “força letal” nas áreas em que as autoridades israelenses controlam a distribuição de ajuda, insistindo que deve ser garantida a proteção dos civis e do pessoal humanitário.
Por outro lado, apontaram o receio de que os obstáculos burocráticos impostos por Israel ao trabalho das organizações não governamentais obriguem muitas delas a abandonar os territórios palestinos, o que “agravaria ainda mais a crise humanitária” tanto na Faixa de Gaza como na Cisjordânia reocupada.
ONGs INTERNACIONAIS TÊM SOCORRO BLOQUEADO POR ISRAEL
Mais de 100 ONGs internacionais, entre as que se encontram a Plan International, a Oxfam e a Entreculturas, também denunciaram o “bloqueio” da ajuda humanitária a Gaza numa declaração conjunta e exigiram a abertura “imediata” das passagens fronteiriças.
Apontaram que a maioria das principais ONGs internacionais não conseguiu entregar “nem um único caminhão de mantimentos vitais” a Gaza desde 2 de Março.
As organizações observaram que, em vez de liberar a “crescente acumulação de produtos”, as autoridades israelenses “rejeitaram os pedidos de dezenas de ONGs para levarem mercadorias essenciais, alegando que estas organizações ‘não estão autorizadas a entregar ajuda'”. Especificaram que, em julho, mais de 60 pedidos foram negados.
“A proibição deixou os hospitais sem mantimentos básicos e fez com que crianças, pessoas com deficiência e idosos morressem de fome e de doenças evitáveis, enquanto os próprios trabalhadores humanitários vão trabalhar com fome”, lamentaram.
Observaram que a obstrução está ligada às novas regras de registro para as ONGs internacionais (ONGIs) introduzidas em março. De acordo com essas novas regras, o registro que permite seu funcionamento pode ser negado com base em critérios vagos e politizados, como a suposta “deslegitimação” do Estado de Israel.
As ONGs alertaram que o processo foi criado “para controlar organizações independentes, silenciar o seu trabalho e censurar informes humanitários”.
ISRAEL COLOCA TRABALHADORES PALESTINOS EM RISCO
Neste sentido, alertaram que, a menos que as ONGs internacionais concordem com todos os requisitos de registro, “muitas poderão ser forçadas a cessar as suas operações em Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e a retirar todo o seu pessoal internacional no prazo de 60 dias”. Indicaram ainda que algumas organizações receberam um ultimato de sete dias para fornecer listas de funcionários palestinos.
“No contexto mais mortífero do mundo para os trabalhadores humanitários, onde 98% dos trabalhadores assassinados eram palestinos, não há garantia de que o fornecimento desta informação não coloque os funcionários em maior risco, ou seja, utilizado para promover os objetivos militares e políticos declarados pelo governo israelense”, argumentaram.
Por conseguinte, apelaram aos Estados e aos doadores para que “pressionem Israel para pôr fim à instrumentalização da ajuda, incluindo a obstrução burocrática, como os procedimentos de registro para as ONGs internacionais”.
Por fim, exigiram a abertura “imediata e incondicional” de todas as passagens fronteiriças e as condições necessárias para a entrega de ajuda humanitária vital.
“ISRAEL MATA INTENCIONALMENTE JORNALISTAS EM GAZA”
A Relatora Especial das Nações Unidas para os Territórios Ocupados, Francesca Albanese, denunciou que “Israel mata intencionalmente jornalistas em Gaza para impedir a cobertura profissional em tempo real dos seus crimes. Uma vergonha para os meios de comunicação social que permanecem em silêncio em vez de defender a verdade, a solidariedade e o acesso à imprensa!”
Já o Conselho da Europa advertiu contra a venda de armas a Israel e pediu aos seus 46 Estados-membros que garantam que não sejam utilizadas no contexto de violações dos direitos humanos em Gaza.