
Trump persegue mais de 24 mil profissionais de saúde cubanos que prestam solidariedade em 56 países
O governo Trump decidiu abrir guerra contra missões médicas cubanas pelo mundo afora, o que só fez ampliar o repúdio ao seu comportamento e a solidariedade aos mais de 24 mil profissionais de saúde, que atuam como sinônimo de dedicação, altruísmo e profissionalismo em 56 países.
Em diapasão com o que há de mais degenerado na humanidade, recentemente, o secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, anunciou sanções dirigidas a pessoas associadas às missões internacionalistas de Cuba – e não somente os médicos – e informou que estas serão barradas de entrar nos EUA.
Sem qualquer compromisso em enfrentar os seus próprios problemas no setor de saúde, entre 2006 e 2017, os governos estadunidenses ofereceram cidadania americana a médicos cubanos para incentivá-los a abandonar seus postos para construírem “novas vidas” no país do Norte. Embora encerrado parcialmente pelo presidente Barack Obama, o degenerado projeto foi reintroduzido em 2019 por Donald Trump.
Com o Departamento de Estado sob o comando de Marco Rubio, um mafioso cubano-americano fanático que construiu sua carreira demonizando as conquistas da Revolução e obcecado em asfixiar o povo da sua terra natal, as relações EUA-Cuba têm piorado ainda mais.
Durante décadas, o conjunto do planeta, incluindo Estados em outros aspects sbmissos aos EUA, como os da União Europeia (UE), o Reino Unido, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Canadá, exigiram o fim do embargo a Cuba. Apenas os EUA e Israel votam continuadamente contra a resolução que demoniza o país caribenho, que se mantém como referência de solidariedade e soberania. O único governo dos EUA a romper com essa tendência paranoica foi o de Obama, que se absteve na votação de 2016.
Em 2017, Trump desfez qualquer progresso obtido e rapidamente impôs novas restrições, proibindo empresas dos EUA de fazer negócios com firmas cubanas, proibindo visitantes estadunidenses até mesmo de se hospedarem em hotéis administrados por essas empresas. Fez mais: eliminou viagens educacionais, colocou limites rígidos em remessas familiares e tornou impossível enviar remessas por serviço de transferência. Agora, a nova administração Trump tenta impedir que alguns dos países mais pobres do mundo aproveitem a assistência médica fornecida, muitas vezes gratuita, por Cuba.
Em 25 de fevereiro, o Departamento de Estado de Rubio comunicou que vai estender sanções a autoridades “atuais e antigas” e à “família imediata de tais indivíduos”, o que também poderá incluir restrições comerciais aos países envolvidos. Caso se concretize, a medida prejudicará dezenas dos países mais pobres do mundo que dependem do apoio cubano exatamente em um momento em enfrentam crises de dívida iminentes e não dispõem de recursos para fazer frente a sérios problemas no setor.
O fato é que, desde 2004, o Estado socialista conseguiu converter seus investimentos em educação e assistência médica em ganhos nacionais, ao mesmo tempo em que manteve assistência médica gratuita ao Sul Global com base em seus princípios internacionalistas. Ao mesmo tempo, cobrando valores simbólicos de quem possa pagar, Cuba fez dos ganhos com as exportações de serviços médicos e profissionais a maior fonte de renda da ilha, contornando a política de cerco e aniquilamento do imperialismo estadunidesnse.
Desde o lançamento das missões inaugurais no Chile e na Argélia no início dos anos 1960, mais de 605.000 profissionais médicos cubanos foram enviados para cerca de 180 (de 195) países, principalmente no Caribe e na América Latina. Sob o princípio da solidariedade, Cuba tem atuado com dedicação para suprir de serviços hospitalares e suporte os países durante desastres naturais, seja como no maior terremoto do Chile, em 1960; na guerra da Argélia pela independência da França, em epidemias como a cólera no Haiti, o ebola na África, a pandemia de Covid-19, até desastres nucleares como o de Chernobyl. Além disso, tem contribuído de forma decisiva para que os países estabeleçam os seus próprios sistemas de saúde pública, suprindo de profissionais a sua consolidação e funcionamento.
Reconhecendo esta entrega e abnegação, a Organização Mundial da Saúde (OMS) concedeu ao Contingente Internacional de Médicos Especializados em Catástrofes e Epidemias Graves “Henry Reeve” -criado em 2005 pelo comandante Fidel Castro – o prestigioso Prêmio Memorial Dr. Lee Jong-wook de Saúde Pública em 2017, quando elas já haviam ajudado 3,5 milhões de pessoas em 21 países. Na pandemia da Covid-19, quase 40 países ao redor do mundo receberam assistência das missões médicas de Cuba, incluindo até mesmo nações ocidentais ricas como Itália e Andorra.
“Em seu zelo para se livrar dos médicos cubanos, o governo Trump puniu todos os países do hemisfério, e sem dúvida isso significou mais casos de Covid e mais mortes por Covid”, disse Mark L. Schneider, ex-chefe de planejamento estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde que foi funcionário do Departamento de Estado no governo Clinton. “É ultrajante.”
Países menores e menos poderosos como o Equador sentiram a dor. O Equador cedeu à pressão americana e mandou para casa quase 400 profissionais de saúde cubanos pouco antes da pandemia. Então o país também sofreu com o congelamento do financiamento da organização de saúde pelo governo Trump, o que prejudicou sua capacidade de fornecer suprimentos de emergência e suporte técnico.
A primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, atual presidente da Comunidade do Caribe (Caricom), defendeu que as missões médicas cubanas são essenciais para a saúde da sua população e afirmou estar preparada, assim como os demais líderes da região, a abrir mão de seu visto para os EUA se “um acordo sensato” não for alcançado sobre o assunto, já que “os princípios importam”.
Argumentos semelhantes foram apresentados por Gaston Browne, Ralph Gonsalves e Keith Rowley, primeiros-ministros de Antígua e Barbuda, São Vicente e Granadinas e Trinidad e Tobago. “Acabei de voltar da Califórnia e, se eu nunca mais voltar para lá na minha vida, vou garantir que a soberania de Trinidad e Tobago seja respeitada por todos”, enfatizou Rowley.