O ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que parte das gravações do dia 8 de janeiro das câmeras internas do Ministério foram deletadas após prazo contratual, mas que a Polícia Federal recolheu para a investigação tudo o que foi possível.
A CPMI do Golpe, por ação da ala bolsonarista que quer mudar o rumo do inquérito parlamentar, pediu as imagens sete meses depois que elas foram gravadas. A PF foi até o Ministério buscá-las em fevereiro.
Flávio Dino disse que “o mesmo problema aconteceu no Senado”. “É problema contratual. Eu não sabia disso. Não sou gestor de contrato, sou ministro da Justiça. A Polícia Federal veio aqui e recolheu o que precisava. Só soube agora quais imagens a PF recolheu. Eu não conheço o inquérito, está tudo sob sigilo”.
O contrato, explicou, não prevê o armazenamento das gravações por um longo período de tempo.
Os bolsonaristas pedem as imagens para tentar compor a narrativa de que o governo federal foi omisso no dia 8 de janeiro, ao invés de investigar os propagandistas, financiadores e executores da tentativa de golpe.
Dino afirmou que as gravações do Ministério da Justiça “não vão mudar a realidade dos fatos. Não vai aparecer um disco voador, não vão aparecer infiltrados e não vai aparecer a prova desse terraplanismo que inventaram para ocultar a responsabilidade dos criminosos”.
“Esses que ficam falando em omissão [do governo federal] são os amigos dos terroristas”, apontou. “Criminalizar as vítimas é uma estratégia dos vândalos, dos terroristas que ocuparam a Esplanada e destruíram tudo”.
“Eu tenho o 8 de janeiro todo na cabeça, todo. É paradoxal, para dizer o mínimo, e gera indignação que durante duas horas eu praticamente sozinho lidei com a crise e de repente eu que sou o omisso. Claro que isso gera perplexidade, riso e indignação”, continuou.