Milhares de gregos protestaram contra um projeto de lei que permite a extensão da jornada de trabalho para 13 horas diárias. Esse é o segundo maior protesto em duas semanas e reuniu representações de sindicatos e partidos da oposição.
Os manifestantes tomaram as ruas da capital Atenas e outras cidades, nesta terça (14), e realizaram uma paralisação de 24 horas do setor público grego por todo o país. Em Atenas, o transporte público foi suspenso, mas retomado brevemente durante a manhã e ao meio-dia para permitir a participação da população aos protestos.
Com faixas com dizeres: “Contra a proposta de 13 horas, os direitos trabalhistas não vão voltar 150 anos” e “Não às 13 horas de escravidão”, mais de 10 mil manifestantes marcharam do centro de Atenas até a frente do parlamento grego.
Atualmente, o limite da jornada de trabalho na Grécia é de 8 horas diárias, de acordo com o governo de direita da Grécia, a nova medida serviria para “fexibilizar” o mercado de trabalho e torná-lo mais “competitivo” dando mais liberdade para usar de contratos de curto prazo ou alterar horários atuais de licença.
A ministra do Trabalho e da Previdência Social, Niki Kerameus, rebateu críticos e disse que a medida só será válida para 37 dias ao ano e de “forma voluntária”.
Em resposta, a Confederação dos Trabalhadores da Grécia em carta enviada para a ministra, disse que trabalhadores não terão como recusar a jornada de 13 horas “diante do desequilíbrio de poder entre empregador e empregado, agravado pela precariedade que prevalece no mercado de trabalho”.
Lideranças sindicais gregas também apontaram que a nova medida irá corroer os direitos básicos do trabalhador e enfraquecerá a negociação coletiva.
“Nossa saúde, tanto mental quanto física, e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são bens que não podem ser substituídos por dinheiro”, disse Stefanos Chatziliadis, membro sênior da Confederação dos Sindicatos dos Funcionários Públicos Gregos para a Agence France-Presse.
“Legalizar o trabalhar de manhã até a noite não é normal e não pode ser tolerado pela nossa sociedade. É verdadeiramente bárbaro. É desumano”, disse.
Partidos de esquerda na oposição, como o Syriza e Nova Esquerda, criticaram o governo acusando-o de ignorarem a realidade enfrentada pelos trabalhadores.
O líder do Syriza, Sokratis Famellos, disse que o governo “está estabelecendo uma verdadeira Idade Média do trabalho”.
“O turno de 13 horas não pode se tornar uma realidade. É escravidão remunerada”, discursou ao Parlamento grego, Effie Achstsioglou, do partido Nova Esquerda.
Grécia em greve contra jornada abusiva diz “não às 13 horas de escravidão”
