Greenfield já conseguiu devolução de R$ 11,6 bilhões do roubo aos fundos de pensão

Na Operação Greenfield no Distrito Federal, policiais federais retiram documentos da Funcef. (Wilson Dias/Agência Brasil)

O mais espantoso no segundo relatório da Operação Greenfield – que investiga o roubo aos fundos de pensão das estatais – é a magnitude das quantias: até agora “já foi garantido o ressarcimento do Erário, dos fundos de pensão e das vítimas dos crimes, em valores atualizados, no total de aproximadamente R$ 11,6 bilhões” (cf. Relatório de atividades e de execução de plano de ação da Força-tarefa Greenfield – agosto/2018 a julho/2019, p. 14).

Somente para que não haja dúvida: 11 bilhões e 600 milhões de reais já foram recuperados pela Operação Greenfield.

Mas, então, qual o total do rombo nos fundos de pensão, causado pelos ladrões?

“… foram identificados os casos que estão sob o comando da FT Greenfield (os quais somam potenciais prejuízos que podem chegar a R$ 54 bilhões de reais)” (cf. Rel. cit., p. 01, grifo nosso).

Isso é mais que a estimativa da Polícia Federal para o rombo causado pelo assalto à Petrobrás, investigado pela Operação Lava Jato (R$ 42 bilhões).

A cifra é tão grande que necessita ser complementada para que seja compreendida:

A PREVI, fundo dos funcionários do Banco do Brasil, tem R$ 200 bilhões de reais aplicados no mercado financeiro e na Bolsa; a PETROS, dos funcionários da Petrobrás, tem R$ 76 bilhões; a FUNCEF, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, tem R$ 67 bilhões.

Somente esses três fundos têm R$ 343 bilhões aplicados. E isso é o que eles têm “no mercado” – não é todo o seu patrimônio.

Além disso, a Operação Greenfield também investiga o roubo no FGTS, no Banco de Brasília (BRB) e em parte do Postalis, fundo dos funcionários dos Correios.

Então, as vítimas do roubo são os funcionários (na ativa e aposentados) da Caixa Econômica, do Banco do Brasil, da Petrobrás, dos Correios – e não apenas, porque o fundo de investimento de FGTS (FI-FGTS) também foi dilapidado.

A vítima, portanto, são os trabalhadores brasileiros, assaltados por alguns elementos cuja propensão na vida era não trabalhar, como é a essência de quem rouba a coletividade.

Além disso, a Greenfield investiga “uma organização criminosa instalada no Banco de Brasília (BRB) que, desde 2014, vinha praticando, junto com empresários e agentes financeiros autônomos, crimes contra o sistema financeiro, corrupção, lavagem de dinheiro, gestão temerária, entre outros” (v. Força-Tarefa Greenfield desarticula organização criminosa instalada no Banco de Brasília).

Quem são os ladrões?

Vejamos os mais conhecidos.

1) Pelo roubo no FI-FGTS foram condenados: Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara (24 anos e 10 meses de cadeia); Henrique Alves, ex-presidente da Câmara (8 anos de cadeia); Fábio Cleto, ex-diretor da CEF (nove anos e oito meses de cadeia); o doleiro Lúcio Funaro (8 anos de cadeia); e o parceiro deste último, Alexandre Margotto (quatro anos de reclusão).

2) Em outubro de 2018, foram denunciados o ex-ministro Geddel Vieira Lima, e, outra vez, Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Lúcio Funaro, Fábio Cleto, por operarem esquema de propina, também na CEF e no FGTS, “no valor total de aproximadamente R$ 260 milhões de reais, relativos a operações de crédito para Marfrig, Bertin, J&F e Grupo BR Vias e Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários. As denúncias têm por objeto operações com recursos da Caixa Econômica Federal, bem como do FI-FGTS e Carteiras Administradas, no valor total de R$ 8,7 bilhões”.

3) Em abril de 2019, foram denunciados o ex-presidente Michel Temer e os ex-ministros Eliseu Padilha e Wellington Moreira Franco, por “integrarem núcleo de organização criminosa e atuarem de forma ilícita em troca de propina em diversos entes públicos, como Petrobrás, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados. Michel Temer é acusado de instigar Joesley Batista a pagar, por meio de Ricardo Saud, vantagens a Lúcio Funaro. O objetivo seria impedir que esse último realizasse acordo de colaboração premiada com o MPF”.

4) Houve mais uma denúncia contra Michel Temer em abril de 2019, e mais cinco pessoas, “entre elas João Baptista Lima Filho, conhecido como Coronel Lima, e Rodrigo Rocha Loures, que responderão por corrupção passiva, ativa e lavagem de dinheiro. A ação é referente ao Inquérito 4.621 (Caso dos Portos)”.

5) No caso do BRB foram denunciadas 17 pessoas (v. a lista em Denúncia do MPF).

6) Foram denunciadas 34 pessoas – inclusive executivos do Funcef, Petros e Previ – pela fraude no Fundo de Investimento em Participações Global Equity Properties (FIP GEP), inclusive o petista Sérgio Rosa, ex-presidente do Previ, atualmente paladino do “Lula Livre” (cf. seu artigo Os ataques incessantes ao PT. Por quê?).

Todos foram denunciados por “operações irregulares que geraram prejuízos milionários ao fundo e a seus cotistas, entre 2009 e 2014”, e, inclusive, “falsificação de laudos de avaliação”.

Para a lista completa dos denunciados, ver FT Greenfield denuncia 34 por irregularidades no FIP Global Equity).

Existe mais do que isso: v. Segundo relatório da Operação Greenfield).

Mas, por essa amostra, o leitor pode ter uma ideia das investigações da Operação Greenfield.

C.L.

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