A greve dos caminhoneiros e o amplo repúdio da sociedade à política de preços abusivos adotadas pela Petrobrás, presidida por Pedro Parente, acaba de obter mais uma vitória. O representante das multinacionais e sabotador dos interesses do Brasil, que foi colocado à frente da estatal do petróleo para destruí-la, acaba de pedir demissão. Depois de ter sido responsável pelo apagão no governo FHC, Parente foi responsável agora pela maior crise de desabastecimento já vivida pelo país.
A política de preços da Petrobrás oscilou desde a compra de derivados a preços altos lá fora e a obrigação, durante o governo Dilma, de vendê-los internamente para suas concorrentes multinacionais a preços mais baixos, com prejuízo bilionário para a estatal, até a adoção, de maneira informal, por Graça Foster e depois por Aldemir Bendine, da vinculação dos preços internos aos externos. Com Pedro Parente essa política foi oficializada e levada ao extremo. A Petrobrás passou a praticar dentro do país preços acima dos internacionais com variação ligada a esses preços e à cotação do dólar. Com a elevação dos preços do petróleo e do dólar simultaneamente houve uma disparada dos preços.
O resultado foi que os preços explodiram e levaram o país à beira do colapso. Somente entre 22 de abril e 22 de maio último – ou seja, em 30 dias – o preço do óleo diesel nas refinarias aumentou +18% e, nas bombas de combustíveis, +38,4%. No mesmo período, o preço da gasolina aumentou +20% nas refinarias e +47% nas bombas (v. Dieese, Nota Técnica nº 194, 26/05/2018). A inflação, pelo IPCA, no mesmo período, foi de 0,066%. A indignação se espalhou por todo o Brasil. Os caminhoneiros expressaram esse repúdio e pararam o país. Teve papel destacado na solução do impasse criado pela teimosia de Parente a atuação do governador de São Paulo, Márcio França, que iniciou o diálogo com os caminhoneiros.
Além de extorquir a população, os caminhoneiros e as empresas produtivas, a política de praticar os preços internos dos combustíveis acima dos preços internacionais e vincular seus reajustes à variação internacional e ao dólar, estimulou a importação de derivados pelas multinacionais com prejuízo ao parque de refina nacional que passou a apresentar alto grau de ociosidade (32%, segundo nota técnica nº 194 do Dieese). Especialistas, como o professor Ildo Sauer, da USP, denunciaram, que essa política visava enfraquecer nossas refinarias para privatizá-las, como, aliás, já se cogitava.
Em sua carta de demissão, Pedro Parente, que vinha fatiando e vendendo a Petrobrás por partes, disse que a empresa tinha recuperado o seu prestígio graças à sua administração. O que Parente entende por prestígio é a satisfação, os aplausos, os elogios e os “agrados” que as multinacionais e seus lobistas faziam a ele por estar defendendo seus interesses e destruindo a única empresa capaz de fazer frente aos seus objetivos. Mais ainda, elas estavam exultantes com a decisão do governo e de Parente de leiloar o pré-sal brasileiro, como já estava programado.