A greve dos trabalhadores dos Correios prossegue pelo quinto dia e tem adesão de 70% do efetivo, conforme informação do Sintect (Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo, Região Metropolitana de São Paulo e Zona Postal de Sorocaba) e das duas federações de trabalhadores, a Findect e Fentect.
A paralisação engloba carteiros, carregadores, motoristas e o setor administrativo, o equivalente a 74 mil trabalhadores da estatal.
O motivo da greve é a retirada de direitos históricos da categoria e o descumprimento da Convenção Coletiva, que teria validade até 2021. A categoria luta contra a retirada do pagamento de 30% de adicional de risco, redução do tíquete-alimentação, licença-maternidade de 180 dias, auxílio-creche, indenização por morte e auxílio para os filhos com necessidades especiais, além da exclusão do transporte noturno.
“Queremos que a decisão do Tribunal Superior do Trabalho seja respeitada. Em 2019, o TST definiu que a Convenção teria a validade de dois anos. A direção dos Correios quer retirar 70 das 79 cláusulas”, afirmou Elias Cesário, o Diviza, vice-presidente da Findect e presidente do Sintect-SP.
A briga da categoria também é para garantir o fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), que tem sido negligenciado pela empresa desde o início da pandemia do coronavírus. Para evitar a contaminação dos funcionários, as entidades tiveram que acionar a Justiça para garantir o fornecimento do material.
“O trabalhador está tirando dinheiro do bolso para pagar seu equipamento de segurança”, afirma Douglas Melo, diretor de comunicação da Findect.
“Nós seguramos essa greve até onde era possível, mas não tinha mais condições. A empresa não quer negociar”, diz o sindicalista.
Segundo Diviza, a intenção dos trabalhadores sempre foi pela negociação, mas afirma que a empresa não quer o diálogo. “Aumentaram plano de saúde, tiraram a alimentação. Ainda assim, defendemos o caminho da negociação. A última alternativa sempre foi a greve”.
As entidades denunciam que a falta de diálogo da empresa com os trabalhadores e a precarização do trabalho fazem parte de um plano de desmonte dos Correios visando a privatização da estatal.
Para o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, “as Centrais apoiam essa luta contra a ofensiva do governo Bolsonaro e do ministro Paulo Guedes, que querem destruir os direitos trabalhistas e abrir o caminho para a privatização da estatal”.
Ainda nesta sexta-feira (21) o Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar a validade do acordo coletivo atual até agosto do ano que vem. Amanhã acontece uma nova assembleia e, já com o resultado do julgamento, a categoria vai decidir sobre os rumos do movimento.