Até 75% dos trens na França pararam no domingo (8) e na segunda-feira (9), nos dois dias da greve dos ferroviários por escalas contra a privatização e o corte de direitos, pensões e salários. A “reforma do setor ferroviário” do governo Macron irá à votação em primeira leitura no dia 17. Na Inglaterra, onde já ocorreu há 25 anos, como lembra o Le Monde, “a privatização é severamente criticada: os trens são lentos, caros, e as linhas suburbanas estão lotadas. Segundo uma pesquisa, 75% dos britânicos querem a renacionalização”.
Manifestantes em Paris repudiaram a “reforma” e a demagogia de Macron, que diz que a estatal SNFC está “muito endividada”, como se a principal razão disso não fosse o enorme investimento para implantar o sistema de trens da alta velocidade.
A mobilização continuará pelo menos até junho, com dois dias de paralisação a cada cinco dias de trabalho. Os ferroviários voltam a cruzar os braços dias 13 e 14. Em 1995, as greves e manifestações dos ferroviários foram essenciais para a derrota do plano neoliberal do então primeiro-ministro do governo Chirac, Alain Jupppé.
O primeiro-ministro Edouard Philippe asseverou em entrevista ao jornal Le Parisien que não haverá recuos, apontando como inegociável a “abertura das ferrovias à concorrência, a reestruturação da SNFC e o fim das admissões de funcionários pelo estatuto dos trabalhadores ferroviários”. Discussões, só como “implementar”. Na sua época, Juppé também foi com sede demais ao pote e acabou com a França inteira sublevada.
Também os funcionários da Air France fazem uma greve escalonada por melhores salários e voltam a cruzar os braços na terça (10) e quarta-feira (11). Também nas universidades, segue se ampliando a mobilização.