Os professores do Paraná mantiveram o início da greve nesta segunda-feira (3), mesmo após Justiça do Paraná tentar desmobilizar o movimento contra a privatização das escolas públicas do estado. Além do movimento contra a entrega das escolas à administração privada, a categoria defende o pagamento da data-base deste ano (3,69%) e a recomposição das perdas salariais acumuladas.
Os docentes se reuniram na Praça Santos Andrade e foram em passeata até a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), no Centro Cívico, para acompanhar a votação da proposta. A matéria passará pela Comissão de Educação e poderá ser levada à votação em plenário.
O movimento é uma reação ao projeto de lei que pretende privatizar a gestão das escolas estaduais e que tramita em regime de urgência na Casa Legislativa. Deputados que compõem a bancada da oposição na Alep protocolaram um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Paraná para suspender a tramitação do PL. O presidente do tribunal, contudo, negou neste domingo (2) o pedido.
“Quero agradecer a todos e todas que estão aqui e aqueles e aquelas que estão espalhados por este estado inteiro em paralisação, em ato, na defesa da nossa escola. Não podemos permitir que o governador pegue o nosso dinheiro e dê para o empresário”, disse Walkiria Mazeto, presidente da Associação dos Professores do Paraná (App-Sindicato).
“As nossas escolas são boas sim, porque nós estamos lá todo dia trabalhando. O que dá resultado é o nosso trabalho lá dentro da sala de aula. O que dá resultado é o trabalho dos funcionários que estão atendendo os nossos estudantes. Por isso as nossas escolas são boas e por isso ele selecionou as melhores para vender. Ele só pegou o filé, aquelas em que a gente está lá empenhado, precisando de mais dinheiro para melhorar. Essa o empresário não quer. Por isso essa greve continua, na defesa de uma escola pública de qualidade”, completou.
De acordo com o Sindicato, o ato de hoje contou com cerca de 15 mil pessoas e que a adesão tem tido o apoio de pais e estudantes. “Nós pedimos à comunidade escolar que entenda esse momento de greve e que não mandem seus filhos, principalmente nas escolas com 100% de paralisação. Temos compromisso com a reposição desses dias parados, pois a nossa luta é pela qualidade da educação e pela manutenção das escolas 100% públicas”, disse.
O projeto de lei foi enviado na última segunda-feira (27) pelo governador, Ratinho Júnior, para Alep, com pedido para votação em regime de urgência. Para a categoria, a estratégia do governador é “violenta e antidemocrática” e atropela a possibilidade da população ter conhecimento de forma ampla sobre os impactos do projeto. “Não há debate, não houve debate e não haverá debate”, explica Walkiria.