A greve por tempo indeterminado que paralisa a Costa Rica há três semanas em repúdio ao arrocho fiscal e aos cortes de investimentos públicos, aplicados pelo presidente Carlos Alvarado, submisso às imposições do FMI, vem ampliando apoios no conjunto da sociedade.
Conforme as organizações sindicais, estudantis e cooperativas, a grandiosidade da repulsa – explicitada no movimento iniciado no dia 10 de setembro – é o fato de que o projeto de lei provocará um absurdo aumento dos impostos, do custo da cesta básica e dos serviços sociais para a população, enquanto a evasão fiscal das grandes empresas – que é uma das maiores da América Latina – não será tocada.
Na segunda, representantes dos principais sindicatos costarriquenhos voltaram a exigir a supressão desta “nova” política fiscal, rechaçada por 86% da população como “prejudicial aos cidadãos” e reiteraram que vão se manter nas ruas até que seja revogada. Pesquisa do Centro de Investigação e Estudos Políticos (CIEP) aponta que 65% dos entrevistados defenderam uma reforma “mais justa e progressiva”.
Segundo o presidente do Sindicato de Trabalhadores da Educação da Costa Rica (SEC), Gilbert Díaz, um documento apresentado pelo governo neste final de semana para pôr fim ao movimento foi “totalmente rechaçado e, portanto, a greve continua com mais força”.
“Estamos fazendo um chamado a toda a cidadania para que se some a este grande movimento. Nós temos seis grandes setores sindicais e todos eles repudiaram o acordo alcançado, tornando evidente que é inaceitável”, acrescentou o secretário da Associação Nacional de Empregados Públicos e Privados, Albino Vargas.
Desde o dia 10 de setembro estão paralisadas as rodovias do país centro-americano e fechadas a maior parte das escolas e unidades hospitalares, assim como estruturas públicas municipais, estaduais e federais.
Solidária aos manifestantes, a Federação Sindical Mundial (FSM) denunciou que a política do governo “atenta e cerceia os direitos e conquistas do setor público, e é uma política anti-trabalhador que afeta seriamente a classe e beneficia os poderes econômicos”.
Organizações como a União Nacional dos Empregados da Previdência Pública e o Bloco Unitário Sindical e Social também condenaram as medidas de Carlos Alvarado e alertaram que “o governo deveria tentar encontrar uma solução por meio do diálogo e não responder com repressões violentas que só agravam a situação”.
As autoridades da Universidade da Costa Rica (UCR) condenaram os atos de repressão e violação da autonomia universitária executados pela policia nacional. Os manifestantes denunciaram ainda o cerco midiático praticado pelos grandes conglomerados de comunicação – entre eles Teletica, Repretel Canal 6 e Grupo Nación S.A.- que têm mentido abertamente, desinformado ou invisibilizado as ações populares em favor dos assaltantes de direitos.
Veja o vídeo das manifestações: