Mais de 150 mil funcionários públicos no Canadá iniciaram uma greve, na quarta-feira (19), para exigir aumento salarial e condições dignas de trabalho.
No movimento que pode demorar vários dias, estão programadas interrupções nos serviços federais de impostos, imigração e passaportes, mas também uma parte dos inspetores de grãos nos portos aderiu ao movimento – anunciou a Aliança da Função Pública do Canadá (AFPC), sindicato da categoria.
A greve no serviço público é um dos mais amplos movimentos sociais já registrados no Canadá e é considerada a maior desde 1991. Ela ocorre após meses de negociações com o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau.
O presidente da AFPC, Chris Aylward, afirmou que já se esgotaram todas as possibilidades de “conseguir um contrato justo para os trabalhadores” do Serviço Público Federal. “Está claro que a única maneira de conseguir isso é fazendo greve para mostrar ao governo que não podemos esperar”, advertiu.
“Continuaremos em greve até que o governo aborde nossas principais pautas na mesa de negociações”, acrescentou, destacando que se trata de uma “greve histórica”.
Os funcionários públicos canadenses estão mobilizados em atos diante de 250 locais de trabalho para esclarecer as razões da paralisação e convidar os colegas a aderirem.
Entre outras reivindicações, os servidores públicos buscam um aumento salarial de 13,5% durante três anos, ou 4,5% ao ano para acompanhar a inflação. O governo respondeu oferecendo 9% distribuído em três anos, bem abaixo das perdas com o aumento real de preços.
A taxa de inflação do Canadá desacelerou para 4,3% ano a ano em março, após atingir um pico de mais de 8% no ano passado.
O sindicato também quer mais flexibilidade para o teletrabalho. Depois que as restrições pela pandemia da Covid-19 foram suspensas, os funcionários públicos que trabalhavam remotamente e cujo serviço não
precisa ser presencial deveriam retornar aos seus escritórios de dois a três dias por semana até 31 de março.
As negociações entre a AFPC e o Conselho do Tesouro começaram em junho de 2021, mas chegaram a um impasse já em maio de 2022.
A Aliança de Serviços Públicos do Canadá é o maior sindicato federal de serviços públicos do país, representando quase 230.000 trabalhadores em todas as províncias e territórios, portanto, os canadenses podem ver uma desaceleração ou fechamento total de alguns serviços.