A privatização da TAG (Transportadora Associada de Gás), que até o ano passado operava a maior rede de gasodutos do Brasil, será concretizada, na visão dos entreguistas de plantão, “como um dos maiores negócios do plano de desinvestimento da Petrobrás”.
Até agora, segundo informações da Reuters, três consórcios estrangeiros – liderados pela francesa Engie, pelo grupo australiano Macquarie e pelo fundo Mubadala dos Emirados Árabes – já apresentaram propostas para a compra de 90% da rede de gasodutos da estatal brasileira.
A venda faz parte do amplo programa de vendas de ativos da Petrobrás iniciado no governo Dilma e implementado por Temer, que tem por objetivo esquartejar a companhia estatal até sua completa privatização. São 4,5 mil quilômetros de extensão e uma capacidade de transporte de 74,67 milhões de metros cúbicos por dia. Com 10 instalações de compressão de gás, sendo 6 próprias e 4 alugadas, e 91 pontos de entrega, a TAG está presente em 10 Estados brasileiros nas regiões Sudeste, Nordeste e Norte. Sua receita liquida, apenas no ano passado, foi de R$ 4,7 bilhões.
NTS
A TAG, que operava todos os gasodutos da Petrobrás, foi “reestruturada” no governo Dilma Rousseff. Em 24 de julho de 2015, o Conselho de Administração da Petrobrás, presidida por Aldemir Bendini (preso pela Lava Jato), retirou do controle da TAG a Nova Transportadora Sudeste (NTS), responsável pelos gasodutos do Sudeste, assim como aprovou a privatização dos gasodutos com o objetivo de “garantir à Petrobrás maior retorno com a venda de ativos”, segundo comunicado da companhia na época. A mesma reunião que decidiu abrir o capital da BR Distribuidora, que teve recentemente cerca de 30% das ações privatizadas.
Com a “reestruturação”, a NTS foi entregue por Pedro Parente para o fundo canadense Brookfield Asset MP ano passado. São mais de 2.000 quilômetros de malha na região mais industrializada do país nas mãos dos estrangeiros, com capacidade para distribuir 158,2 milhões m³ de gás por dia. Os gasodutos da NTS ligam os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, responsáveis por 50% do consumo de gás no Brasil, ao gasoduto Brasil-Bolívia, aos terminais de GNL e às plantas de processamento de gás.
PRISCILA CASALE