“Há uma organização por trás disso, que ataca inclusive a imprensa tradicional e séria”, destacou o ministro do STF. “Temos que estar atentos, e o inquérito está em excelentes mãos”, disse Toffoli, sobre o relator Alexandre de Moraes
O vídeo gravado por Daniel Silveira (PSL-RJ) com incitamento à violência, apologia da ditadura e ameaças aos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) é apenas uma parte da ação das milícias bolsonaristas nas redes sociais.
O fato do ministro Dias Toffoli, do STF, ter apontado esta semana a existência de financiamento internacional desses grupos fascistas, além de ser uma denúncia muito grave, complica ainda mais a situação do troglodita de Petrópolis preso pela Polícia Federal e mantido na cadeia por decisão da Câmara dos Deputados.
Segundo Toffoli, os inquéritos que apuram os atos antidemocráticos e fake news fabricadas por esses grupos identificaram financiamento estrangeiro às pessoas que usam as redes sociais para atacar instituições brasileiras como o próprio STF, responsável pelas investigações.
No início do governo Bolsonaro, grupos fascistas insuflados pelo Planalto pregavam abertamente nas ruas o fechamento do Congresso, do STF e a volta da ditadura e do AI-5.
Para Toffoli, a informação sobre financiamento internacional mostra que os que ameaçam as instituições não são um “grupo de malucos”. “Há uma organização por trás disso, que ataca inclusive a imprensa tradicional e séria”, destacou.
“Temos que estar atentos, e o inquérito está em excelentes mãos”, salientou, para dizer que “naquele momento não era apenas o Supremo que estava preocupado, mas toda a sociedade”. Segundo ele, o sistema de Justiça está atento aos atos antidemocráticos e atua para que “o ovo da serpente não brote novamente”.
“Esse inquérito que combate as fake news e os atos antidemocráticos já identificou financiamento estrangeiro internacional a atores que usam as redes sociais para fazer campanhas contra as instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional”, disse o ministro.
A mobilização da sociedade e o repúdio dos integrantes do Congresso Nacional e do STF impediu a concretização dos planos golpistas do bolsonarismo.
Agora vem à tona com mais detalhes, através de quebras de sigilos bancários, as vinculações dos grupelhos fascistas que incitavam a violência e a volta da ditadura com o Palácio do Planalto com parlamentares bolsonaristas, empresários financiadores do esquema e, como destaca o ministro Toffoli, com financiadores estrangeiros.
O ministro considera essa informação como gravíssima e diz que o relator Alexandre de Moraes está debruçado sobre o assunto.
Segundo o jornal O Globo, João Bernardo Barbosa, empresário brasileiro que atua em Miami, na Flórida (EUA), é alvo de investigações da Polícia Federal e da PGR (Procuradoria-Geral da República). Ele teria transferido R$ 29 mil para Allan dos Santos, do Terça Livre, e pago faturas de cartão de crédito do blogueiro.
O site Terça Livre é uma as principais fábricas de fake news incitando a volta da ditadura. Seu dono, citado acima, está, inclusive, foragido. O site foi também retirado do ar pelas plataformas digitais recentemente.
Em reportagem de setembro de 2019 (veja abaixo), o HP já havia revelado as conexões financeiras dos grupos fascistas dos EUA e do Brasil com bilionários como Robert Mercer e seu funcionário Steve Bannon.
Esta teia internacional de extrema direita alimentou técnica e financeiramente a chegada ao poder de Donald Trump nos Estados Unidos e de Jair Bolsonaro no Brasil. As investigações do STF começam agora esclarecer várias dessas conexões.
S. C.
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