Na terça-feira (08), Jair Bolsonaro aconselhou um de seus fanáticos seguidores de Pernambuco a se afastar do deputado Luciano Bivar, presidente nacional do PSL, e também pernambucano, porque ele [Bivar] estaria, segundo o presidente “queimado pra caramba lá”.
Disse também para o cidadão esquecer o PSL. “Esquece esse cara, esquece o partido”, recomendou o ex-capitão, ao deixar o Palácio do Alvorada.
Na quinta-feira (10), veio o troco da parte do agredido. “Esses interesseiros querem fazer coisas não éticas”, denunciou. Ele explicou que as “coisas não éticas” do grupo bolsonarista são “contratos para assessoria de imprensa, publicidade, advogados, compliance”.
“Acho que o presidente não deve estar sendo bem aconselhado. O que há é um grupo capitaneado por duas ou três pessoas, um juiz desempregado, uma advogada rapina, que querem dinheiro”, disse Bivar, em entrevista ao “O Globo”.
“É tão ruim eu discutir sobre isso. Isso é o que menos importa para mim e para o presidente”, afirmou. “Essas pessoas, sorrateiramente, cujo objetivo é outro, estão nisso”, declarou o presidente do PSL. Ele chamou o grupo que quer tomar de assalto o comando do partido de “rábulas”.
Bivar esclareceu que os “aliados” de Bolsonaro estão de olho no dinheiro do partido e que ele não vai entregar o comando do partido para o presidente.
Ele lembrou que o próprio presidente, que o atacou, “diz que o bom é que tenhamos pessoas competentes e honestas” à frente do partido. “Estão vendendo ele [o PSL] como se fosse propriedade deles para forçar uma participação de domínio no partido e fazerem coisas que não são éticas”, acrescentou Bivar.
O deputado, que se fez de indignado com a intenção dos grupos bolsonaristas de assaltar o fundo partidário do PSL, controlado por ele, também é acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro com candidaturas femininas fantasmas em seu estado.
Bivar fez exatamente a mesma coisa que seu colega de partido de Minas Gerais, o ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio. O ministro do Turismo foi investigado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas, mas, se mantém no cargo porque tem a proteção de Jair Messias Bolsonaro.
“O fundo partidário é da bancada, e eu tenho que preservar isso. Eu não posso me dobrar a contratos e ofertas de serviços que não representem realmente nenhum processo. Isso realmente cria um desconforto”, alertou.
“Os interesseiros do partido gozam de um relacionamento com o presidente e acham que, com isso, eles vendem esse falso poder para vender serviços ao partido. Não vão ter”, garantiu.
Ele disse que tem muita gente usando o presidente e querendo aparecer dentro do partido. “Agora, aparece uma comissão de viagem ao homem da lua, aí e o cara aparece. Não é assim que se faz. A gente não pode botar os deputados em comissões só para agradar. Eles precisam que as coisas andem. São comissões que exigem conhecimento técnico”.
“Se os caras estão lá apenas por protagonismo, não nos interessa”, observou. “O partido político não pode se servir de ferramenta para agredir pessoas e entidades”, completou Bivar, negando que Eduardo Bolsonaro possa assumir a presidência do PSL.
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