
O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi a Dubai para entregar o patrimônio brasileiro por alguns petrodólares.
No domingo (14), após ter afirmado que a política econômica do governo Bolsonaro será mantida, inclusive com novos aumentos de juros para supostamente “combater a inflação”, Guedes disse que busca petrodólares para financiar o seu programa de privatização no Brasil, que visa as maiores estatais brasileiras, como a Petrobrás, Eletrobrás, Correios, entre outros ativos nacionais, como o Pré-sal.
“Aqui estão os petrodólares”, exaltou Paulo Guedes à imprensa, durante a abertura de uma feira de aviação, a Dubai Airshow, em que Bolsonaro também participou.
“Nós fizemos um grande movimento no final da década de 80, depois do choque do petróleo, para pegar essa reciclagem de recursos. Só que, naquela época, foi com endividamento”… “Agora nós vamos fazer com participação nos programas de investimento nossos, nas nossas parcerias de investimentos”, afirmou o Guedes.
Ignorando o que representariam o volume desses “investimentos”, garantiu que os bilionários fundos dos Emirados Árabes estarão “presentes agora, nos leilões de petróleo e de gás natural que nós vamos fazer”, no âmbito das “parcerias entre o governo federal e o capital privado e o externo”.
Obsessivos pelo desmonte do patrimônio nacional, ou seja, tudo aquilo que pertence ao povo, Bolsonaro e Guedes foram dar seu passeio em Dubai, lavando as mãos para o atual quadro brasileiro de desemprego elevado, com inflação em escalada já acima dos dois dígitos, fuga de dólares, juros elevadíssimos e endividamento recorde das famílias.
Os principais componentes da economia – serviços (-0,6%), comércio (-1,3%) e indústria (-0,4%) – tiveram desempenho negativo na passagem de agosto para setembro.
Com isto, analistas do mercado já veem recessão à vista. “O quadro atual reforça as projeções mais negativas para o ano que vem. Acho que ainda é cedo para falar em recessão em 2022, mas, com os números mais recentes, é mais fácil que isso ocorra”, avaliou o economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Rating, Alex Agostini.
Na sexta-feira (12), o Credit Suisse revisou suas expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do país e passou a prever recessão econômica no Brasil em 2022. A projeção passou de alta de 0,6% para queda de 0,5% no ano que vem. Se confirmada, será a quarta contração do PIB brasileiro em oito anos.
Sobre serviços, o Credit Suisse diz que o resultado “reforça o cenário de piora da atividade econômica que tem sido visto nos últimos meses”, escreveram em relatório Solange Srour, economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, e Lucas Vilela, economista do banco.
Em 25 de outubro, o Itaú Unibanco já havia anunciado estimativa de retração de 0,5% para o PIB brasileiro de 2022.