Além de gastar R$ 367,3 bilhões só com juros em 2019, usou dinheiro do BNDES, das privatizações e das reservas para pagamento do principal. As dívidas, líquida e bruta, praticamente não se moveram
O Banco Central do Brasil (BCB) divulgou o resultado das contas públicas do ano de 2019 na sexta-feira, 31 de janeiro. No ano passado, o Governo Central acumulou um déficit primário – sem contar os juros – de R$ 88,9 bilhões (1,22% do PIB), ante um resultado negativo no ano anterior de R$ 116,2 bilhões.
DÍVIDA LÍQUIDA ATÉ CRESCEU
O resultado primário do setor público consolidado, que além do governo central inclui as estatais (exceto Petrobrás e Eletrobrás) e governos regionais – que tiveram resultado positivos de R$ 11,8 bilhões e R$ 15 bilhões respectivamente – foi deficitário em R$ 61,9 bilhões. Em 2018 este déficit público consolidado foi de R$ 108,3 bilhões. Obrigadas pelo governo, as estatais e as regiões juntas deixaram de investir R$ 26,8 bilhões.
O governo central obteve essa modesta redução no déficit primário, de R$ 116 bilhões para R$ 88,9 bilhões, a um custo social e econômico arrasador para o país e para a sociedade. Congelamentos de salários de servidores, proibição de concursos e desmonte de órgãos como o INSS e a Receita Federal, Universidades e hospitais, o não investimento em obras urgentes contra enchentes, a proibição de que as estatais invistam, e assim por diante.
Os investimentos públicos estão nos níveis mais baixos historicamente. Foram investidos R$ 56,593 bilhões em 2019, frente os R$ 53,132 bilhões de 2018. Em infraestrutura, o valor alcançou R$ 27,1 bilhões, contra R$ 27,6 bilhões no mesmo período de comparação.
O resultado deste arrocho criminoso já está sendo visto por todo o país: dois milhões de pessoas nas filas do INSS, capitais destruídas pelas enchentes, casas em encostas desabando, 500 mil famílias miseráveis esperando na fila do bolsa-família e pessoas morrendo por falta de serviços e recursos públicos.
Ao mesmo tempo que o governo estrangula a sociedade, os recursos extras arrecadados com a venda da área da Cessão Onerosa da Petrobrás no Pré-Sal – que possibilitou a entrada de R$ 23,69 bilhões aos cofres públicos – e outras privatizações, como a malha de gasodutos, por exemplo, foram totalmente transferidos para o setor financeiro a título de pagamento de juros e do principal da dívida.
Além disso, o governo estrangulou o BNDES retirando R$ 121,702 bilhões de reais do banco de fomento no ano passado, recursos dos investimentos produtivos para também alocá-los na dívida. Por fim, para engrossar o caixa em reais e também transferi-los para o sistema financeiro, o governo torrou US$ 36 bilhões das reservas internacionais do país.
GASTOS COM JUROS SE MANTÊM NAS ALTURAS
Com todas as torneiras fechadas para a sociedade e para o setor produtivo, o governo gastou com juros no ano R$ 367,3 bilhões (5,06% do PIB). Mesmo com todo o alarido de que os juros no país tinham caído, a despesa de 2019 foi um pouco menor do que o que se gastou em 2018, R$ 379,2 bilhões, 5,50% do PIB.
Só no mês de dezembro foram gastos R$ 24,920 bilhões com juros. O déficit nominal, representado pela soma do resultado primário e dos juros, atingiu R$ 38,43 bilhões em dezembro e R$ 429,154 bilhões no acumulado de 2019 (5,91% do PIB).
Ou seja, caíram mais os juros nominais, mas os juros reais, que é o que conta na hora de pagar, continuam altos e o país inteiro se contrai para pagá-los. O país inteiro sofreu, a economia segue patinando no fundo do poço, os serviços públicos estão vivendo verdadeira calamidade pública, mas os gastos com juros se mantêm intocáveis e nas alturas.
Esta é a prioridade zero deste governo. Destroça o país, vende a preço de banana as empresas estatais, para satisfazer a ganância dos bancos. Guedes está transformando o Brasil numa feira livre, vendendo tudo para transferir mais dinheiro aos bancos.
E, com isso, vem a outra conversa fiada. A de que o governo estaria pagando a divida e, com isso, reduzindo o seu valor. Pura enganação.
A Dívida Bruta do Governo Geral, que compreende o Governo Federal, o INSS e os governos estaduais e municipais, alcançou R$ 5,5 trilhões em dezembro, equivalente a 75,8% do PIB.
Depois de toda essa injeção de recursos públicos no pagamento de juros e amortização da dívida, ela foi de R$ 5,271 trilhões em 2018 para R$ 5,5 trilhões este ano. Nominalmente, inclusive, subiu, apesar de cair na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), de 76,5% do PIB para 75,8% do PIB. Um esforço gigantesco, que recai principalmente sobre os mais pobres e sobre o setor produtivo, para uma queda ínfima na comparação com o PIB.
Se for analisar a dívida líquida, onde são descontados os haveres do governo – títulos e reservas cambiais – vamos ver que o comportamento é parecido ou até pior. Ela cresceu 2,0 pontos percentuais em relação ao PIB, decorrente, em especial, da incorporação de juros nominais (aumento de 5,1 p.p.), do déficit primário (aumento de 0,9 p.p.), do ajuste de paridade da cesta de moedas que integram a dívida externa líquida (redução de 0,5 p.p.), do efeito da desvalorização cambial acumulada de 4,0% (redução de 0,7 p.p.) e do efeito do crescimento do PIB nominal (redução de 2,7 p.p.).
Em suma, país estrangulado e a dívida crescendo. Tudo o que os banqueiros e agiotas mais gostam. Este é o caminho acintoso adotado pela equipe de saqueadores que Bolsonaro indicou para comandar a economia do país.
Este samba é maravilhoso vai tocar em todo o planeta mesmo que o messias de arma na mão não queira.