O ministro da Economia Paulo Guedes voltou a negar o pedido de ajuda a estados e municípios na batalha contra o coronavírus que já tirou a vida de 2.575 brasileiros até segunda-feira (20), e está deixando os hospitais públicos à beira do colapso.
Em videoconferência organizada pelo banco BTG Pactual, nesta segunda-feira (20), Guedes disse que o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados para que a União compense as perdas da arrecadação do ICMS e do ISS é “inaceitável” e “não republicano”.
Guedes voltou a mentir sobre a ajuda emergencial, dizendo que o governo está negociando com o Senado Federal uma proposta de R$ 88 bilhões, caso haja contrapartidas, como o congelamento das despesas com folha dos servidores públicos. Servidores que são necessários para o combate ao coronavírus, como médicos, profissionais da área de saúde, bombeiros, policiais, profissionais de limpeza, entre inúmeras outras categorias.
Com o discurso cínico de que “salvar vida é a prioridade” e que o isolamento social tem “total apoio”, o ministro de Bolsonaro há um mês vem protelando a ajuda emergencial aos estados e municípios no combate à pandemia do coronavírus.
Enquanto o Congresso Nacional garantia ao governo as condições para liberar os recursos, aprovando no dia 20 de março, o estado de calamidade pública, Guedes tentava chantagear estados e municípios impondo a aprovação de seu plano Mansueto. Este plano foi rejeitado pelos parlamentares. Apo mesmo tempo que retém recursos de estados e municípios, o governo anunciou uma “injeção de liquidez” de R$ 1,2 trilhão para o sistema financeiro.
O plano Mansueto não passava de arrocho fiscal a estados e municípios, com suas “reformas estruturantes”, com o desmonte do estado através das privatizações das estatais, da desvalorização servidores e o desmonte dos serviços públicos, através do teto de gastos para os serviços básicos à população como saúde, educação e segurança pública.
Paulo Guedes chegou a chamar os gastos emergenciais reivindicados pelos governadores de “pauta bomba”, “bomba fiscal”.
Segundo Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, a proposta do governo, na verdade, é de apenas R$ 22 bilhões de recursos em três meses. Ele faz maquiagem acrescentando no seu “pacote” recursos que já haviam sido negociados antes, como a suspensão do pagamento de dívidas, por exemplo.
Em carta encaminhada ao Senado, 25 governadores pedem apoio ao projeto aprovado na Câmara para “adoção de medidas sociais, sanitárias e federativas neste momento de terrível crise”.
“Estamos dedicados à salvaguarda da população contra o novo coronavírus e contra as implicações econômicas decorrentes da atual emergência sanitária. Temos compromisso com a proteção da vida e, igualmente, com a defesa de empresas e empregos, o que somente será possível com a manutenção do adequado funcionamento do Estado”, afirmam os governadores.
“Efetivamente, não haverá reconstrução nacional e retomada econômica se permitirmos o colapso social que adviria da interrupção de serviços públicos essenciais, como saúde, segurança, educação, sistema penitenciário, iluminação e limpeza pública”, dizem os governadores.
COLAPSO
Nos estados, a situação é dramática, os hospitais estão lotados, com filas de espera na UTI e hospitais de campanha sendo construídos às pressas. Faltam respiradores e profissionais capacitados.
No Ceará, 100% das vagas de UTI estão ocupadas e número de leitos está perto do limite.
No Amazonas, o governo do estado já declarou que o sistema de saúde está entrando em colapso pela falta de pessoal de saúde e pela ocupação dos leitos.
A capital do estado do Rio de Janeiro a fila de espera no CTI cresce e faltam respiradores. Do total de 619 leitos que a prefeitura administra pelo SUS, apenas oito estavam disponíveis até sexta-feira (17), todas para internação de crianças. Na quarta-feira, havia 548 leitos ocupados.
Em São Paulo, sete hospitais da capital operam com a capacidade de leitos de UTI acima dos 70%. O Hospital Emilio Ribas colapsou: todas as 30 vagas foram ocupadas por pacientes de coronavírus.