Na segunda-feira (6), o ministro de Bolsonaro abriu a agenda para receber representantes do bilionário fundo estatal árabe Mubadala, que comprou a refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás. Logo após a privatização, os preços dos combustíveis na refinaria na Bahia já superavam o da Petrobrás
Na segunda-feira (6), o ministro de Bolsonaro abriu a agenda para receber representantes do bilionário fundo estatal árabe Mubadala, que comprou a refinaria Landulpho Alves (Rlam) da Petrobrás.
Logo após a privatização, os preços dos combustíveis da refinaria na Bahia já superavam os da Petrobrás
A Acelen, dona da Refinaria Mataripe na Bahia, antiga Randulpho Alves (Rlam), entregue por Bolsonaro ao fundo estatal Mubadala dos Emirados Árabes, pediu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para ele impedir que a Petrobrás venda gasolina, diesel e outros derivados a preços menores que os seus.
À possibilidade de que isso não ocorra ameaçam provocar desabastecimento dos produtos no mercado, não se sabe se reduzindo ao suspendendo suas operações.
Após a privatização, a Acelen foi denunciada por vender diesel e gasolina a preços acima, dos já elevados preços das refinarias da Petrobrás, subordinadas à política de preços – Preço de Paridade de Importação (PPI).
Não quer concorrência e, se valendo da condição de monopólio privado na Bahia e região, quer agora aumentar ainda mais seus lucros. Essa mesma ameaça é latente da parte dos importadores de derivados e por isso é uma questão que não pode ser desprezada.
A Rlam, primeira refinaria nacional de petróleo, com a operação iniciada em 1950, foi a primeira a ser alienada pela política de privatização predatória levada a cabo por Bolsonaro e Guedes. A unidade responde por 15% da capacidade de refino nacional.
Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que o litro da gasolina nos postos de abastecimento na Bahia custa, em média, R$ 7,57, acima da média nacional, de R$ 7,21 infernizando quem precisa do automóvel. O mesmo ocorre com o diesel, cujo preço médio de R$ 6,95 na Bahia supera o nacional, de R$ 6,88, incendiando a inflação da indústria e dos transportes. O Estado tem liderado o ranking da pesquisa da ANP com o combustível mais caro do país.
Com Paulo Guedes, que sempre declarou, sem qualquer constrangimento, que quer vender o Brasil, somando-se ao fato de que agora ele está definindo mais de perto os rumos da Petrobrás junto com Adolfo Sachsida, seu ex-assessor e atual titular da pasta de Minas e Energia, os árabes viram uma oportunidade para levar vantagem.
DESMONTE DO PARQUE NACIONAL DE REFINO
A Petrobrás está em processo de privatização pelo governo antinacional de Bolsonaro para entregar oito refinarias, metade da sua capacidade de refino.
Três refinarias tiveram seus contratos de alienação assinados: Rlam (Refinaria Landulpho Alves) agora Acelen; Reman (Refinaria Isaac Sabbá), no Amazonas; a SIX (Unidade de Industrialização de Xisto), no Paraná e a Lubnor (LUBNOR – Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste) no Ceará. Outras três receberam ofertas de compra: Repar (PR), Regap (MG) e Refap (RS). A Rnest (PE) não teve interessados.
Essas manobras eram de se esperar. Os preços dos combustíveis entregues pela Petrobrás nas suas refinarias, até a implantação da PPI e das privatizações que estão acontecendo, não visavam o lucro máximo, mas principalmente a segurança energética e o atendimento das necessidades do mercado interno.
Apesar de se falar muito em competição, as privatizações das refinarias da Petrobrás não têm esse atributo. Nunca houve impedimento para instalação de uma refinaria privada, por exemplo, na Bahia, para competir com a antiga Mataripe.
O que só interessou aos capitais privados, praticamente estrangeiros, é ficar com o patrimônio já existente, praticar uma falsa concorrência pelos preços e sobrepreços que puderem extorquir, como é a natureza do monopólio privado, que é o que está substituindo a Petrobrás.
O capital privado nunca se interessou por um motivo muito simples. A planta de uma refinaria exige uma demanda de combustíveis que basicamente, ainda no exemplo, Mataripe já atendia.
Como ficariam duas unidades oferecendo muito mais do que o mercado, no raio de território que pudessem atender? Enviar gasolina, diesel, etc. do Paraná para Bahia, ou até mais perto, exigiria, salvo possíveis e limitadas exceções, uma logística que tornaria preços não competitivos.