“A única forma de alguém aceitar a barbárie deles é por absurdos como o AI-5. Covardes!”, disse o líder da oposição
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, afirmou que “os instintos pinochetistas de Guedes são incontáveis”.
“Ele não só foi “adestrado” para ser leão com os mais pobres e manso com os mais ricos, ele também foi ensinado que a única forma de alguém aceitar a barbárie deles é por absurdos como o AI-5. Covardes!”, escreveu o senador nas redes socias.
Paulo Guedes, em entrevista coletiva em Washington, ameaçou com um AI-5 contra manifestações no Brasil.
“Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez?”, disse o ministro da Economia de Bolsonaro.
O AI-5 foi imposto em 13 de dezembro de 1968 pela ditadura para sufocar mais ainda a resistência dos democratas. Entre as consequências do AI-5 estão o fechamento do Congresso Nacional, a retirada de direitos e garantias constitucionais, com a perseguição a jornalistas e a lideranças políticas de vários partidos que pediam a volta da democracia ao país.
“Eduardo Bolsonaro falou em retorno do AI-5. O fã do Pinochet reiterou. Bolsonaro quer “impedir protestos” através de excludente de ilicitude em GLO. A sanha autoritária e antidemocrática desse governo é explicita e DEVE ser combatida! Todo nosso repúdio!”, reiterou Randolfe num post seguinte.
Guedes ecoa o que o filho de Bolsonaro, Eduardo, falou semanas atrás. Eduardo Bolsonaro disse que se manifestações como as do Chile acontecerem no Brasil o governo teria que lançar mão de um novo Ato Institucional 5 (AI-5).
As declarações do filho mereceram repúdio de políticos, personalidades, artistas, sindicalistas e outros setores.
Por conta das suas declarações desarvoradas, três representações que pedem a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro serão instauradas na terça-feira (26) no Conselho de Ética da Câmara.
“Hoje [terça-feira, 26] será a audiência de instauração dos processos e sorteio dos relatores. Depois, seguirá trâmite normal cumprindo os prazos estabelecidos no regimento e no Código de Ética”, informou o presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Juscelino Filho (DEM-MA). Ele escolherá os relatores desses processos entre a lista tríplice de deputados que será sorteada na sessão.
A primeira representação foi apresentada pela Rede Sustentabilidade.
“O deputado Eduardo Bolsonaro fez apologia a um instituto que permitiu o fechamento do Congresso Nacional e a cassação dos direitos políticos e mandatos eletivos. […] O fato de ser filho do presidente da República deve ser visto como um agravante”, diz a Rede. Para a Rede, houve um “claro ataque à democracia e à independência dos poderes” por parte de Eduardo Bolsonaro.
PSOL, PCdoB e PT apresentaram conjuntamente outra representação contra o deputado federal.
Os três partidos destacam que essa não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro afronta a democracia. “Todas essas declarações deixam claro que há em curso um recrudescimento autoritário, com graves consequências para a democracia brasileira, e que coloca em risco a Constituição Federal de 1988 e os valores por ela expressados. Diante dos fatos graves, é dever fundamental dos poderes constituídos, inclusive o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, a tomada das providências cabíveis para punir o Representado pelos referidos atentados contra o Estado Democrático de Direito por ele perpetrados”.
A terceira representação foi apresentada pelo próprio PSL diante das ofensas de Eduardo contra a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) depois que ela perdeu a liderança do governo no Congresso.
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