O ministro Paulo Guedes disse na quinta-feira (5) em Fortaleza que Brigitte Macron, esposa de Emmanuel Macron, presidente da França, “é feia mesmo”. Diante da repercussão extremamente negativa de sua fala, o fraudador de fundos de pensão tentou desmentir o que tinha dito. “Não houve qualquer intenção de proferir ofensas pessoais”, jurou.
Ele estava em uma palestra sobre seu projeto de desmonte do estado brasileiro, através da aceleração das privatizações, quando resolveu atacar Brigitte Macron. Aliás, uma imitação ridícula do que já tinha feito o Jair Bolsonaro. Ao estilo “chefe de milícia”, sua marca registrada, o “mito” também agrediu a primeira-dama da França, ao responder a um o comentário no twitter de um de seus seguidores, sobre a francesa.
Um seguidor de Bolsonaro postou fotos dos dois presidentes acompanhados de suas respectivas esposas com o seguinte comentário: “Entende agora pq Macron persegue Bolsonaro?. É inveja presidente do Macron pode crê (sic)“. Bolsonaro respondeu: “Rodrigo Andreaça não humilha cara. kkkkk“.
Diante da indignação causada pelos comentários no Brasil e no exterior, Bolsonaro apagou a mensagem postada no dia 24 de agosto três dias depois.
“Eu tô vendo o progresso em várias frentes, mas nada disso… é… tudo isso é assim… a preocupação é assim: xingaram a [Michele] Bachelet, xingaram a mulher do Macron , chamaram a mulher de feia. Macron falou que tão botando fogo na floresta brasileira e o presidente devolveu: ‘que a mulher dele é feia, por isso ele tá falando isso’. Tudo bem, é divertido, não tem problema nenhum. É tudo normal e é tudo verdade. Presidente falou mesmo, e é verdade mesmo, a mulher é feia mesmo [sorri, e a plateia ri e aplaude] . Não existe mulher feia, existe mulher observada do ângulo errado“, disse Guedes.
Após a palestra, ao ser questionado pela imprensa a respeito da esposa de Macron, tentou desconversar: “Chamar a primeira-dama de feia? Não sei do que você tá falando“. E em seguida declarou: “O que eu tenho a ver com a opinião a respeito da primeira-dama francesa? Você viu que a gente brincando, falando que o presidente é uma pessoa com bons princípios, e às vezes, na forma de falar, ele extrapola, brinca…“.
Sobre a “brincadeira” em relação a ex-presidente do Chile, Michele Bachelet, atualmente Alta-Comissária da ONU para Direitos Humanos, Bolsonaro recebeu repúdio dos mais diversos setores e de diversos dirigentes partidários.
“O presidente deu uma declaração que agride os direitos humanos e o povo chileno, e merece todo nosso repúdio”, afirmou o senador José Serra (PSDB) em nota. “Elogiou o covarde assassinato do general Bachelet, pai da ex-presidente do Chile Michele Bachelet, na época da ditadura militar chefiada pelo abominável general Augusto Pinochet”.
Guedes disse ainda que Macron está querendo fazer uma intervenção no Amazonas porque chamaram a mulher dele de feia. “Quer dizer que se alguém chamar sua mulher de feia você pode fazer uma intervenção internacional?
De noite, por meio de nota, o ministério da Economia disse que “a intenção do ministro foi ilustrar que questões relevantes e urgentes para país não têm o espaço que deveriam no debate público. Não houve qualquer intenção de proferir ofensas pessoais”.
Como se o aumento das queimadas no Amazonas não fosse “relevante e urgente” e resultado de uma política deliberada de destruição da Floresta Amazônica, através de desmatamento e incêndios generalizados, fim da fiscalização, ataques ao INPE, ao IBAMA, aos povos indígenas e de entrega desenfreada das riquezas da região, de preferência a estrangeiros.
“Programa Acelerado de Privatização“
Durante a palestra, Guedes defendeu a entrega dos Correios para os estrangeiros. “Imagina isso disputado por gigantes como DHL, UPS, Fedex, e imagina as que já estavam por lá, a TAM e Azul, querendo fazer o last mile – contratação de empresa que faz a “última milha” por meio de conexões. Imagina as do futuro, Amazon”, declarou.
“Fizemos uma reunião na semana passada e decidimos, olha, vamos ter de acelerar”, disse. “Tinha o PAC, né? Vai ter o PAP, Programa Acelerado de Privatização”.