
Gusttavo Lima desistiu da candidatura à presidência de 2026 em meio a uma investigação da Polícia Federal que cita seu nome em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A decisão ocorre dois meses após ele anunciar sua intenção de ingressar na política, levantando questionamentos sobre os motivos reais de sua saída da disputa eleitoral.
O cantor justificou sua desistência alegando que deseja focar na carreira internacional e na criação do Instituto Gusttavo Lima para ações sociais. “Tenho 35 anos. Nada impede que na outra eleição eu seja candidato”, afirmou. “Estou desistindo da candidatura a presidente do Brasil em 2026. Nada impede que, na próxima eleição ou daqui a duas ou três, eu seja candidato”, completou.
O cantor destacou que ficou impressionado com a receptividade de sua possível candidatura, mas ressaltou que o cenário político do país o fez repensar sua decisão. “Muitas pessoas próximas se posicionaram contra, inclusive minha família, o que pesou muito. As eleições de 2026 ainda serão muito polarizadas. Você tem que sentar para negociar coisas que, às vezes, não são de interesse do Brasil, mas de partidos e de pessoas. Não tenho estômago. Meu negócio é trabalhar e ajudar as pessoas”.
O anúncio de sua desistência ocorre no momento em que seu nome e o de seu empresário foram citados em uma investigação da Polícia Federal. A Operação Mafiusi busca desmantelar um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), conhecido como “Lava Jato do PCC”. O cantor foi mencionado devido a transações financeiras atípicas envolvendo sua empresa, a Balada Eventos e Produções Ltda., e a compra de uma aeronave. Segundo os relatórios da PF, a investigação apura se a aquisição tem relação com recursos de empresas investigadas na operação. A empresa do cantor nega qualquer irregularidade.
Além de Gusttavo Lima, a investigação também cita o pastor Valdemiro Santiago e Adilson Oliveira Coutinho Filho, patrono da escola de samba Salgueiro. Segundo a PF, a rede de lavagem de dinheiro utilizava um sistema financeiro paralelo com movimentações em setores como turismo, venda de combustíveis, agronegócio, venda de carros e eventos musicais. O objetivo era misturar dinheiro lícito e ilícito para dificultar o rastreamento dos valores. Até o momento, nenhum dos citados foi formalmente indiciado.
Em nota, Gusttavo Lima negou qualquer envolvimento irregular e esclareceu que a compra da aeronave foi feita de maneira legal e registrada junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). “A Balada Eventos, empresa que administra a carreira artística do cantor Gusttavo Lima, esclarece que adquiriu uma aeronave da empresa JBT Empreendimentos e Participações Eireli, através de seus representantes legais (família Golin), em junho de 2022. Essa foi a única negociação realizada entre a Balada Eventos e a empresa JBT. A operação ocorreu de forma legal, com contrato de compra e venda formal, devidamente registrado na Anac”.
A JBT Empreendimentos é citada na investigação por suposto envolvimento na movimentação de recursos suspeitos, tendo recebido repasses no valor de R$ 57,5 milhões da Balada Eventos e Produções Ltda. A defesa da empresa nega qualquer relação com pessoas ligadas ao PCC e afirma que todas as movimentações financeiras foram lícitas.
Apesar da desistência da candidatura, Gusttavo Lima garantiu que continuará acompanhando o cenário político e poderá manifestar sua opinião sobre os candidatos. “Vou ver quem vai permanecer como candidato nesses meses que faltam para a eleição. Com certeza devo opinar nas eleições, mas do lado de fora. Quero que as pessoas estejam bem atentas, porque 2026 é um ano crucial para a gente. Espero que o povo saiba escolher bem, porque não quero ver mais meu povo sofrer. Não vou desistir de ajudar e sempre vou correr atrás para angariar coisas boas aos brasileiros”.