O cantor bolsonarista Gusttavo Lima foi formalmente indiciado sob acusações de lavagem de dinheiro e participação em uma organização criminosa, conforme revelado pelo programa “Fantástico”, da TV Globo, que teve acesso aos autos do processo. A investigação está ligada a operações envolvendo jogos ilegais. A defesa do sertanejo reitera que ele é inocente.
O indiciamento foi realizado em 15 de setembro, e o inquérito aponta que Gusttavo Lima tornou-se sócio da empresa de apostas Vai de Bet em julho de 2024, adquirindo 25% de participação. No entanto, as autoridades suspeitam que o envolvimento do artista com a empresa começou antes da formalização desse acordo. A Vai de Bet, que foi patrocinada pelo Corinthians na final de 2023, não está no centro de uma investigação policial.
De acordo com o inquérito, um conselheiro do clube afirmou que o presidente da equipe relatou em uma ligação telefônica que o cantor “era um dos donos da Vai de Bet” ainda naquela época. A empresa, atualmente, está sob nova investigação e, por conta disso, fechou seu contrato de patrocínio com o Corinthians.
Agora, o Ministério Público decidirá apresentar formalmente denúncia contra Gusttavo Lima à Justiça.
A Justiça de Pernambuco chegou a emitir um pedido de prisão preventiva contra o cantor, mas ele havia viajado para a Flórida, nos Estados Unidos, poucas horas antes. Menos de 24 horas depois, a defesa do artista conseguiu revogar o pedido em segunda instância.
Gusttavo Lima também é acusado de ocultar R$ 9,7 milhões, valores recebidos através de duas depósitos da HSF Entretenimento Promoção de Eventos, uma empresa investigada por envolvimento em jogos ilegais. A Balada Eventos e Produções Ltda., empresa pertencente ao cantor, teria recebido essas transferências nos valores de R$ 4.819.200,00, no dia 3 de abril de 2023, e R$ 4.947.400,00, no dia 25 de maio de 2023. Além disso, o sertanejo também é acusado de ocultar a venda e a propriedade de um avião, modelo Cessna Aircraft 560XLS, que teria sido negociado com a empresa JMJ Participações Ltda.
De acordo com a investigação, a Balada Eventos recebeu sete pagamentos entre fevereiro e julho de 2024, totalizando R$ 22.232.235,53, relacionados à venda do avião. O registro da aeronave na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) ainda lista a empresa do cantor como proprietária oficial do veículo. A empresa também é acusada de ocultar informações relacionadas aos jogos ilegais, provenientes da Sports Entretenimento Promoção de Eventos e da Pix 365 Soluções Tecnológicas. A Justiça apontou que a Balada Eventos guardou aproximadamente R$ 195 mil em seus cofres, somando mais uma traição de transação ilícita.
Em outro ponto da investigação, a GSA Empreendimentos e Participações, empresa na qual Gusttavo Lima é o único sócio, teria recebido R$ 5,95 milhões da Pix 365 Soluções Tecnológicas, que, segundo a juíza Andrea Calado da Cruz, é a mesma empresa por trás da Vai de Bet. O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelou que a GSA transferiu R$ 1,35 milhão diretamente para a conta pessoal do cantor ao longo de 2023. A juíza ainda destacou que parte das transações foi intermediada pela empresa Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos, que também atua para o Vai de Bet e os Esportes da Sorte.
Na decisão judicial, a magistrada enfatizou que a sociedade de Gusttavo Lima com a Vai de Bet, formalizada em julho de 2024, “acentua ainda mais a natureza questionável de suas interações financeiras”, dada a complexidade das movimentações envolvidas a empresa de apostas e suas intercambiáveis.
Outro ponto que fundamentou o pedido de prisão preventiva do cantor foi sua suposta participação na proteção de foragidos. A juíza Andrea Calado da Cruz afirmou que Gusttavo Lima demonstrou “uma alarmante falta de atenção pela Justiça” ao ter uma relação financeira próxima com pessoas investigadas, além de realizar movimentações suspeitas.
Segundo o investigador, o cantor teria auxiliado José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Henriques Truta Rocha, donos da Vai de Bet, a fugir da Justiça. O casal teria sido transportado por Gusttavo Lima para a Europa, especificamente para a Grécia e as Ilhas Canárias, numa tentativa de fuga das autoridades.
A Polícia Civil de Pernambuco concluiu, no inquérito, que há “indícios suficientes” da participação de Gusttavo Lima no crime de lavagem de dinheiro, reforçando sua conexão com transações financeiras irregulares e suspeitas ligadas a atividades criminosas relacionadas a jogos de apostas.