Em 2 de fevereiro de 1943, há exatos 80 anos, o exército soviético rendeu as últimas tropas alemãs que ainda resistiam em Stalingrado, ocasionando uma viragem definitiva na Segunda Guerra Mundial.
Conheça um pouco mais dessa luta heroica do povo soviético:
RAUL CARRION*
Fracassadas as suas ofensivas em Leningrado e Moscou, Hitler decidiu atacar ao sul, rico em petróleo, cereais e minérios, e ocupar a Criméia e o Cáucaso. Em uma segunda fase, buscaria tomar Stalingrado e o Volga, para daí atacar Moscou, pelo sul.
Segundo Júkov, em maio de 1942, os alemães tinham na frente Oriental “um exército de seis milhões de homens (…), 3.229 carros de combate e armamentos de assalto, 57.000 canhões e morteiros e 3.395 aviões de combate.” O ataque alemão começou em 7 de maio.
Em uma semana toda a península foi conquistada, com exceção de Sebastopol, que resistiu até julho de 1942. Parte das tropas avançou para o Cáucaso, chegando a 60 km dos campos petrolíferos de Grosny. Outra parte tomou Kharkov e Rostov e interrompeu o abastecimento de petróleo e cereais.
Ao oeste de Stalingrado, todas as comunicações caíram em mãos alemãs. Ao inexistir uma 2ª frente na Europa – os alemães puderam concentrar 70% de suas tropas contra a URSS, metade deles na frente sul.
Em 17 de julho de 1942, Von Paulus lançou contra Stalingrado o 6º exército de blindados – com 250.000 homens, 1.200 aviões e 750 tanques –, o 4º exército de blindados e alguns exércitos italianos e romenos. Em 8 de agosto, os agressores romperam as linhas de defesa no Don. Em 14 de setembro chegaram aos subúrbios de Stalingrado.
A partir daí, a luta prosseguiu “casa a casa”. Os soviéticos – reduzidos a 40 mil combatentes, encurralados em uma área de 25 km de extensão por 5 km de profundidade – resistiram meses a fio, exaurindo as tropas alemãs.
Em 19 de novembro – surpreendendo totalmente os alemães – os soviéticos iniciaram uma contra-ofensiva ao norte e ao sul de Stalingrado, com um milhão de homens, 13 mil canhões, 894 tanques e 1.150 aviões. O 3º Exército romeno foi destroçado e o 6º e 4º exércitos nazistas cercados e divididos em 2 bolsões.
Os esforços alemães para romper o cerco a partir do oeste fracassaram. Precariamente abastecidos pelo ar, pouco a pouco os alemães foram sendo dizimados e estrangulados. Em 31 de janeiro de 1943, o marechal Von Paulus, 24 generais, 2.500 oficiais e 91.000 soldados restantes renderam-se.
Em 2 de fevereiro, capitularam as últimas tropas alemãs cercadas. As perdas nazistas nas regiões do Don, Volga e Stalingrado somaram 1,5 milhão de homens, 3.500 carros de combate e armas de assalto, 12 mil peças de artilharia, 3 mil aviões e outros equipamentos.
Segundo o general alemão Westphal “a derrota de Stalingrado horrorizou o povo alemão, bem como o seu exército. Nunca antes, em toda história da Alemanha houve um caso tão terrível de mortandade de força tão numerosa.”
O esmagamento de alemães, romenos e italianos em Stalingrado marcou uma viragem na guerra. A partir daí, a Alemanha perdeu a iniciativa estratégica e logo teve de abandonar o Cáucaso, para evitar o cerco.
O Exército Vermelho iniciou uma ofensiva que em três semanas libertou Rostov e avançou 260 km na frente do Don. Kharkov também foi retomada, mas um contra-ataque alemão a recuperou. Ao norte, houve o desbloqueio parcial de Leningrado. Na região central, foram recuperadas Rzhev, Viazma, Demiansk e Kursk.
*Raul Carrion é historiador, sindicalista e escritor. Foi vereador de Porto Alegre e duas vezes Deputado estadual do Rio Grande do Sul.