Andrei Rodrigues afirma que o indiciamento não é “ato isolado”. Ex-presidente foi indiciado nos inquéritos das vacinas e das joias sauditas
O diretor-geral da PF (Polícia Federal), Andrei Rodrigues, afirmou ao CNN Entrevistas, no último sábado (7), que há indícios suficientes para a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentar denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos inquéritos sobre esquema de fraudes em dados de vacinação e no caso das joias sauditas.
“Nós já concluímos as investigações e as nossas conclusões foram nesse sentido. Quando a polícia indicia alguns investigados, a equipe da investigação, a autoridade policial, que formalmente faz o indiciamento, é importante esclarecer, ela aponta”, acrescentou.
“O ato de indiciamento não é um ato isolado, ele tem que ter um lastro probatório, que tem que estar documentado no inquérito policial. Há um despacho fundamentado, trazendo todos os elementos de convicção que foram colhidos e que levaram a autoridade policial a concluir pelo indiciamento, que é um ato privativo da polícia e do policial que conduz”, disse Rodrigues.
FRAUDES
Bolsonaro foi indiciado pela PF por fraude em cartão de vacinação para covid-19, em março deste ano.
O ex-presidente, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e outros aliados foram indiciados pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações do Ministério da Saúde.
No inquérito das joias, que apura se Bolsonaro e aliados se apropriaram de joias do acervo presidencial, o ex-presidente foi indiciado no começo deste mês.
Ele foi indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
INQUÉRITO DAS JOIAS
Essa investigação apurou tanto a venda ilegal de joias presenteadas pelo governo saudita quanto o desvio de recursos públicos para pagamentos da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e familiares, feitos com dinheiro vivo. A investigação obteve mais dados do envolvimento dela no segundo caso.
As suspeitas sobre os desvios iniciaram a partir de comprovantes de pagamentos obtidos no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e se ampliaram com a quebra de sigilo bancário e fiscal do militar e de outros ex-funcionários da Ajudância de Ordens.
Entre os dados, a PF identificou pagamentos de boletos para irmão da ex-primeira-dama, em setembro de 2021. Os investigadores também identificaram mensagens que apontam que Bolsonaro orientou Cid a fazer o pagamento de boleto de despesa hospitalar para tia de Michelle, Maria Helena Braga, em dinheiro vivo.
Esses dados foram revelados em reportagem do portal UOL.
CARTÃO DE VACINAÇÃO
O relatório final da PF sobre a falsificação do certificado de vacinação contra covid-19 do ex-presidente descreve como esquema montado pelo ex-ajudante de ordens Mauro César Cid proporcionou certidões fraudadas para, ao menos, 9 pessoas.
A PF chegou a essas conclusões após colher depoimentos e apurar série de provas, incluindo mensagens em aplicativos de celular, registros de login em sistemas da Saúde e dados de geolocalização dos investigados, entre outras.
O sigilo sobre o relatório final da PF foi levantado em 19 de março, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), relator do inquérito no qual as investigações foram conduzidas.
Segundo a PF, o esquema começou em novembro de 2021, quando Cid pediu ao sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, colega na Ajudância de Ordens da Presidência, que o auxiliasse a conseguir cartão de vacinação forjado para a esposa Gabriela Santiago Cid.
ELEMENTOS PROBATÓRIOS
Para o chefe da PF, há indícios consideráveis para a apresentação da queixa.
“Nós entendemos que há elementos suficientes para que o processo avance, com o devido processo legal, com direito à ampla defesa. Que o juiz, a Suprema Corte, tome a decisão que tiver que tomar, absolvendo ou condenando os investigados”, disse.