Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, afirmou que “há personagens ocultos, que ainda vão aparecer”, no escândalo do plano de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, de impedir que eleitores de Lula votassem no segundo turno das eleições de 2022.
Torres usou o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em seu plano, que chegou a entrar em ação no dia 30 de outubro, mas foi desmantelado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-ministro de Jair Bolsonaro ordenou que a diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, a delegada federal Marília Alencar, produzisse um mapa com as regiões onde Lula teve maior vantagem sobre Bolsonaro no primeiro turno.
A PF conseguiu encontrar o mapa produzido por Marília em seu celular, apesar dela ter tentado excluir o documento.
Torres combinou com o então diretor da PRF, Silvinei Vasques, que organizasse diversas blitz nesses locais.
Anderson Torres chegou a viajar para a Bahia, acompanhado do então diretor da PF, Márcio Nunes, para pressionar o superintendente regional do órgão, Leandro Almada, a fim de conseguir seu apoio para o plano.
Na Bahia, Lula recebeu 69,7% dos votos no primeiro turno, enquanto Bolsonaro obteve 24,3%.
Na manhã do dia 30 de outubro de 2022, quando começou a ser realizado o segundo turno, a PRF instalou dezenas de blitz em estradas para parar ônibus e outros veículos que transportavam eleitores para seus locais de votação. Há relatos de que os agentes rodoviários arrancaram adesivos e bandeiras de apoio ao então candidato Lula.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) intimou Silvinei Vasques, diretor da PRF, com multa de R$ 100 mil, afastamento do cargo e prisão em flagrante caso continuasse com as operações.
Um dia antes, Silvinei Vasques havia publicado em suas redes sociais: “Vote 22 – Bolsonaro presidente”.
Para o ministro Flávio Dino, “há múltiplos indícios de elaboração de relatórios, viagens e comandos” relativos à tentativa de atrapalhar as eleições.
“Vamos aguardar o término das apurações da Polícia Federal visto que evidentemente constituiu um fato de imensa gravidade, faço questão de mais uma vez sublinhar a imensa gravidade porque isso significa um engendramento estatal, governamental para tentar fraudar uma eleição”, acrescentou.
Anderson Torres está preso desde o dia 14 de janeiro por conta de seu envolvimento na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro. Enquanto secretário de Segurança Pública do DF, Torres deixou a capital desguarnecida sabendo que os bolsonaristas organizavam um ato e pregavam a violência.
Em sua casa, a PF encontrou a minuta de um decreto presidencial que instalaria um “estado de defesa” sobre o TSE para alterar fraudulentamente o resultado das eleições. O documento estava guardado dentro de uma pasta do governo federal em seu armário.