O advogado de Delgatti Neto informou que ele apresentou “indícios de provas” para ajudar os investigadores a confirmarem as tramas golpistas de Jair Bolsonaro
O hacker Walter Delgatti Neto reafirmou à Polícia Federal nesta sexta-feira (18) as acusações feitas durante depoimento à CPI dos Atos Golpistas na quinta, informou o seu advogado Ariovaldo Moreira. Ele havia ampliado, na CPI, as denúncias feitas no primeiro depoimento à PF.
O advogado informou também que ele apresentou “indícios de provas” para ajudar os investigadores a confirmarem as acusações feitas contra Jair Bolsonaro, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, entre outros. Ele disse à CPI que foi levado por Zambelli e se reuniu com Bolsonaro e que, depois desta reunião, ele foi mandado ao Ministério da Defesa.
Walter Delgatti apresentou à PF um áudio em que conversa com uma assessora de Carla Zambelli sobre possíveis pagamentos por serviços prestados ao governo. Ele descreveu também a sala no Ministério da Defesa onde teria se reunido com técnicos da pasta para elaborar um relatório técnico sobre as urnas eletrônicas usadas em 2022. O hacker disse que Bolsonaro lhe orientou a ir ao Ministério da Defesa explicar aos técnicos como seria possível uma eventual fraude nas urnas.
“Ele reiterou o que foi dito ontem na CPMI […] Exatamente o que ele disse ontem. Tudo o que os senhores ouviram ontem, o Walter hoje repetiu para a autoridade policial”, disse Moreira. “[Apresentou] Indícios de provas. A autoridade policial deve agora, nas investigações, encontrar as provas de que o Walter esteve na [sede do ministério da] Defesa”.
O advogado disse também que era possível provar a presença de Delgatti Neto no Palácio da Alvorada, para reunião com o então presidente Jair Bolsonaro em agosto de 2022. Na quarta (16), o hacker foi transferido de Araraquara (SP), onde está preso desde o início do mês, para prestar depoimento à PF em Brasília sobre o fato de ter invadido sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – a pedido de Carla Zambelli.
Delgatti disse na CPI que Bolsonaro pediu que ele assumisse a autoria de um grampo já realizado contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo o hacker, o grampo teria sido feito por técnicos estrangeiros. Bolsonaro prometeu a ele um “indulto” aos seus crimes, caso ele aceitasse a proposta. Após o depoimento do hacker, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou nota confirmando a reunião no Alvorada, mas negando o teor da conversa.
Bolsonaro não explicou porque recebeu um hacker que respondia por vários crimes para uma reunião de duas horas no Palácio da Alvorada em agosto de 2022, véspera das eleições presidenciais. Nesta época Bolsonaro preparava um golpe incutindo na opinião pública que, se ele perdesse a eleição, era porque as urnas teriam sido fraudadas. Chegou a se reunir com embaixadores de outros países para denegrir o processo eleitoral brasileiro.