A Standard & Poor’s e Moody’s Rating, principais responsáveis por avalizar “operações” do Lehman Brothers nas vésperas da grande fraude de 2008, gostaram do arcabouço, disse o ministro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, levou o presidente Lula para um encontro nesta segunda-feira (23) com duas agências de classificação de risco, a Standard & Poor’s e Moody’s Rating, em Nova York. Haddad foi apresentar aos principais responsáveis por avalizar as “operações” do Lehman Brothers, nas vésperas do grande estouro de 2008, tudo o que está fazendo para o Brasil “entrar nos eixos”.
“Hoje mesmo nós divulgamos os dados do 4º relatório desse ano, mostrando que as despesas estão absolutamente dentro da regra do arcabouço, limitadas a 2,5% de crescimento em relação ao ano passado”, disse Haddad, destacando que sua meta é buscar o “investment grade” – garantia dada pelas agências para o capital estrangeiro operar no Brasil.
Fernando Haddad disse também que detalhou aos executivos das agências a atual situação fiscal do país, em que, de acordo com ele, “o comportamento das despesas e das receitas estão condizentes com o arcabouço fiscal”. Ele deu a entender que as agências gostaram de seu arcabouço. “As duas agências passaram por aqui, todas fizeram menção ao arcabouço”, informou o auxiliar de Lula.
O ministro acrescentou que “cabe às agências de risco definir se o Brasil conseguirá o investment grade ou não, mas os prognósticos da equipe técnica da Fazenda são muito bons”, disse ele, ao deixar a reunião. A Standard & Poor’s foi representada no encontro pelo chefe de Serviços, Yann Pallec, e a Moody’s pelo seu presidente, Michael West.
Sobre a manutenção das taxas de juros reais em níveis que colocam o Brasil no pódio dos mais altos do mundo, e que voltaram a subir recentemente, Fernando Haddad disse que isso não atrapalha. “Não. Não porque vai ser, na minha opinião, temporária. Nós vamos retomar em seguida, assim que as coisas estiverem nos eixos, a trajetória sustentável de queda de juros”, argumentou.
O que o ministro disse é que os juros tinham que ser elevados mesmo, porque as coisas estariam “fora do eixo”. Ou seja, Haddad se chocou com as críticas que o presidente Lula e a presidente de seu partido, a deputada Gleisi Hoffmann, além de todo o empresariado produtivo do país, vêm fazendo ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na condução da política monetária. Lula disse várias vezes que não tinha explicação para os juros estarem nos níveis atuais.
Mas, segundo Fernando Haddad, a Selic só poderá baixar quando “as coisas estiverem nos eixos”. As coisas estarem, “nos eixos”, para o ministro da Fazenda, é a implantação do arrocho fiscal e o instrumento para isso é o seu arcabouço e sua meta de zerar o déficit.
Colocar o Brasil nos eixos é cortar o orçamento para manter toda a economia dentro nos limites estritos de seu arcabouço fiscal. Não é por outro motivo que ele já anunciou que vai fazer o “pente fino” nas despesas do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e em outros benefícios da Previdência Social. “Pente fino”, no caso, é apenas um sinônimo para seus cortes nos direitos sociais.