Como nosso apoio a Haddad é crítico, e só existe porque não há outro meio de impedir que o governo seja empalmado pelas viúvas da ditadura, não consideramos de bom tom propor qualquer coisa ao candidato do PT.
Batemos juntos no adversário comum. Mas marchamos separados e participamos de palanques separados, até porque, se Haddad vencer, estaremos na oposição no primeiro dia de governo.
No entanto, é possível abrir uma pequena exceção nessa regra. Não para uma proposta, mas para uma sugestão.
Na principal peça publicitária apresentada pelo PT nos últimos dias, respondendo a um popular que diz que “o salário não dura nem 15 dias”, Haddad responde com ênfase: “Vou aumentar o salário mínimo acima da inflação, inclusive para os aposentados…”
Aumentar acima da inflação, mas quanto? Cinco reais, dez reais? 200 reais, 500 reais? Ele não revela.
Haddad diz na sequência, de modo bem mais concreto, que vai aumentar o bolsa família em 20% e que o gás de cozinha vai baixar para 49 reais. “Fiz as contas”, diz ele.
Se fez as contas, pode informar que aumento pretende dar para o salário mínimo. A sugestão é que informe.
Haddad passou a campanha inteira evitando falar do nosso desvalorizado salário mínimo, menor que o do Paraguai. Assumir, agora, um compromisso vago com o aumento do poder aquisitivo do salário mínimo pode parecer ao eleitor que ele está apenas tergiversando.
(S.R.)