
O Hamas libertou neste sábado (22) os últimos seis reféns incluídos na primeira fase do cessar-fogo entre a Resistência palestina e as forças da ocupação israelense.
Em contrapartida, o governo do genocida Benjamin Netanyahu descumpriu até hoje (23) a combinada libertação dos 602 prisioneiros palestinos, que deveria ter ocorrido ontem, fato que a organização palestina apontou como uma “flagrante violação” dos termos do cessar-fogo.
“O fracasso da ocupação israelense em cumprir a libertação do sétimo lote de prisioneiros no acordo de troca no prazo acertado constitui uma violação flagrante do acordo”, afirmou o porta-voz do Hamas, Abdel Latif al-Qanou, em um comunicado.
Entre os reféns libertados estão o etíope-israelense Abera Mengistu, de 38 anos, e o beduíno Hisham al-Sayed, 37, que estavam mantidos em cativeiro no território palestino desde 2014 e 2015, respectivamente, bem como os aprisionados em outubro de 2023, Eliya Cohen, 27; Omer Shem Tov, 22 anos; Omer Wenkert, 23 anos; e Tal Shoham, 39. Em três rodadas em diferentes pontos do enclave, os militantes palestinos permitiram que os israelenses deixassem o enclave com a ajuda da Cruz Vermelha.
ISRAEL DESCUMPRE O ACERTADO NA TRÉGUA
Por sua vez, Israel deveria libertar 602 prisioneiros palestinos, mas adiou as libertações teoricamente até as 20h00 deste domingo, sem dar mais detalhes sobre o assunto, informou a agência de notícias Europa Press.
O Hamas pediu aos mediadores e garantidores do acordo — Egito, Catar e Estados Unidos — que pressionem Israel para cumprir sua parte, considerando sua postura uma violação da trégua. “O Hamas respondeu aos esforços dos mediadores para tornar a troca um sucesso, enquanto o criminoso de guerra Netanyahu continua a atrasar e procrastinar a libertação dos prisioneiros”, frisou o seu porta-voz, segundo a agência de notícias palestina Sanad.
Do total de palestinos a serem libertados, 445 estão detidos em Gaza desde 2023, incluindo 24 mulheres e crianças, e devem ser levados para a Faixa de Gaza. Outras 97 pessoas serão deportadas para o Egito, 43 serão enviadas para a Cisjordânia e Jerusalém Oriental e outras 11 que foram detidas em Gaza antes do início da guerra também serão transferidas para o enclave.
Entre os libertados que deverão ir para o Egito está Nael Barghouti, o prisioneiro palestino que passou mais tempo em uma prisão israelense. Ele foi preso em 1978 por atentar contra um israelense e passou 33 anos na prisão antes de ser libertado em 2011 sob o chamado “acordo Shalit”, no qual mais de 1.000 prisioneiros palestinos foram libertados em troca de Gilad Shalit, um militar israelense preso pelo Hamas em Gaza. Três anos depois, as forças israelenses o prenderam novamente, desta vez por sua filiação ao grupo islâmico, e ele foi condenado a 30 meses de prisão, informou o jornal israelense The Times of Israel.
Assim, dos seus 67 anos de vida, Barghouti passou 45 na prisão, tornando-se um símbolo da luta contra a ocupação israelita, noticiou a agência de notícias EFE.
MAIS MORTOS POR ISRAEL APESAR DO ‘CESSAR FOGO’
No entanto, embora existe um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, o Ministério da Saúde de Gaza nos últimos dois dias registrou 10 novas mortes no enclave devido ataques israelenses, elevando o total registrado para 48.329 assassinados desde que o exército de Netanyahu iniciou seus ataques à Faixa em outubro de 2023.
De acordo com um comunicado do ministério, dos 10 mortos, sete eram corpos recuperados por equipes de resgate ao redor do enclave. Os outros três morreram nas últimas 48 horas: um deles faleceu no hospital devido aos ferimentos, enquanto os outros dois perderam a vida em ataques de tropas israelenses. Uma das duas vítimas fatais foi Hana al Ghouti, cuja morte foi relatada à EFE na sexta-feira por fontes no enclave. A mulher palestina estava em casa quando foi atingida por tiros do exército israelense, que, segundo essas fontes, vieram de um tanque que estava na área.
Desde que o cessar-fogo em Gaza entrou em vigor em 19 de janeiro, mais de 40 moradores da região foram mortos em ataques do exército israelense, que rotineiramente alega que os suspeitos representam uma ameaça às suas tropas.