O empresário bolsonarista Luciano Hang, dono das Lojas Havan, colocou seus caminhões para engrossar os bloqueios e manifestações golpistas deflagrados depois da derrota de Jair Bolsonaro nas eleições, revela apuração feita pela Agência Pública.
A reportagem da Agência cita um relatório da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que registrou a participação da Havan, da Transbens Transportes, empresa da família de Luciano Hang, e da Premix Concreto nas manifestações.
As empresas “haviam deslocado veículos de carga até a manifestação no KM 83 e estavam presentes de forma organizada” no bloqueio da BR-101, em Barra Velha (SC), aponta o relatório do dia 31 de outubro. O local é próximo a uma loja da Havan e uma garagem da Transbens.
Além disso, os manifestantes golpistas realizaram manifestações pedindo intervenção federal em frente às lojas da Havan em quatro cidades de Santa Catarina, onde contaram com apoio da empresa.
Em Itapema, o estacionamento foi liberado pela empresa de Hang para a manifestação. Na cidade de Palhoça, “a Havan deu cadeiras e bancos de plástico para os manifestantes, além de liberar os banheiros, energia elétrica para o som e o espaço do estacionamento”, contou uma funcionária à Agência Pública.
Em Rio do Sul, os bolsonaristas travaram a BR-470 e usaram o estacionamento da Havan, que fica logo ao lado, para realizar as manifestações. Uma faixa estendida no estacionamento pedia “intervenção militar”. Os “manifestantes” agrediram agentes da PRF e da PM de Santa Catarina quando a estrada foi desobstruída.
Luciano Hang, conhecido na internet como “Véio da Havan”, fez uma fala em um restaurante em Brusque (SC), defendendo as manifestações para impedir que Lula tome o poder e parabenizando quem participou.
“O Brasil precisa de mais gente como todos vocês, que vão para a luta, não aceitam o errado como verdadeiro. Temos ainda alguma chance, não sei mais, se eles tomarem o poder acabou, pessoal”, falou.
Mesmo depois do encerramento das eleições e da vitória de Lula, Hang disse que “ainda acho que dá tempo, vamos esperar tá”.
O amigo de Bolsonaro, Luciano Hang, negou que tenha usado a empresa para apoiar atos antidemocráticos e falou que sua empresa terceiriza todo o transporte.
A Transbens Transportes, presidida pelo cunhado de Hang, Adriano Benvenutti, que tem como principal cliente as Lojas Havan, também é citada no relatório da PRF.
Benvenutti gravou um vídeo durante as eleições pedindo para seus funcionários votarem em Jair Bolsonaro, sob pena da empresa parar de crescer. Isso representa crime eleitoral.
“Vocês já devem ter visto o vídeo do Luciano pedindo para todos os motoristas votarem, certo? Isso foi uma ideia que surgiu em conjunto. Eu e ele conversando, estamos estimulando a todos os transportadores a fazerem isso. Vou pedir encarecidamente a todos os motoristas que votem no Bolsonaro para manter as empresas crescendo”.
Isso configura crime eleitoral. É abuso do poder econômico.
Luiz Henrique Crestani, dono do grupo Luke, que fornece peças e acessórios para caminhões, falou publicamente em suas redes sociais que a empresa está apoiando as manifestações golpistas.
“Nossos caminhões da @lukelogistica estão parados em Palma Sola”, publicou em seu Instagram.
Representantes do Ministério Público de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo relataram, em reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que foram identificados empresários que estão financiando o movimento antidemocrático.
O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, relatou que “é um financiamento que começou com o bloqueio de estradas, depois eles se movimentaram, foram para frente de quartéis e, a partir daí, estamos entendendo esse fluxo de pessoas, que podem responder na esfera criminal”.
“Nós já temos alguns nomes que ainda não podemos revelar porque estão sendo investigados, mas a ideia é que esse cruzamento possa permitir a identificação de empresários que estão patrocinando movimentos golpistas”, acrescentou.
“Somos todos favoráveis a qualquer tipo de manifestação, o que não podemos admitir, evidentemente, são atos a favor de golpes de estado, intervenção militar, ou mesmo pedir que as eleições não sejam validadas”, completou o procurador-geral de Justiça do MP-SP.
Todos estes golpistas fascistas devem responder criminalmente e serem punidos com todo vigor da lei. A democracia venceu o ódio o nazismo e o fascismo. A Constituição acima de todos.