Às 12:55 h da quinta-feira (07/12), o deputado Eduardo Bolsonaro entrou no grupo de WhatsApp da bancada do PSL (“Bancada PSL 2019”) e escreveu:
“PSL está de fora das articulações? Estou fazendo o que aqui com o líder do PR aqui agora? Ocorre que eu não preciso e nem posso ficar falando aos 4 cantos o que ando fazendo por ordem do presidente. Se eu botar a cara publicamente o Maia pode acelerar as pautas bombas do futuro governo. Por isso quem tem feito mais essa parte é o Delegado Waldir no plenário e o Onyx via lideres partidários.
“Salta aos olhos a intenção da Joice [Hasselmann] de ser líder e assim como já demonstrou na época da campanha ela atropela qualquer um que esteja a frente de seus objetivos pessoais. Não está pensando no Brasil como a plataforma do PSL sempre propôs. Aconteceu de maneira bizarra com o Olímpio na época da eleição ela, então candidata ao senado, se lançou sozinha ao governo de SP atropelando o Major Olímpio e agora acontece comigo novamente. Apenas a Joice tem tido essa conduta, todos os demais tem procurado de inteirar de como é o trabalho, formar gabinete, buscando nomes e como naturalmente ocorre com suas dúvidas, afinai a esmagadora maioria é de 1° mandato.
“Vamos começar o ano já rachados, um olhando para o outro com desconfiança e os novos chegando cheios de dúvidas e incertezas graças a esse temor gratuito imputado em suas cabeças. Caso não tenham percebido na última reunião do PSL foi um discurso da Joice preparando terreno para receber os votos dos novinhos, enquanto eu fui de coração aberto mostrando a realidade para vcs. Assim complica. Ademais a Joice chamou uma reunião na data em que eu estava nos EUA propositalmente, para reforçar que eu estaria apenas viajando e n[ão] dando conta do partido. Assim como todos vcs eu sigo ordens, quem acompanhou minhas viagens pelas redes sabe que durmo pouco e nem turismo faço.”
Depois de considerar que sua colega de bancada é uma “sonsa”, em outra mensagem, disse Eduardo Bolsonaro:
“Joice, sua fama já não é das melhores. A continuar assim vai chegar com fama ainda maior de louca no Congresso. Favor não confundir humildade com subordinação. Liderança é algo automático, não imposto.”
Em resposta, escreveu a deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP) que o fato de Eduardo Bolsonaro ser filho de Bolsonaro era uma “vidraça” para o PSL. E, em seguida:
“Qual é o problema em eu ou qualquer outro deputado querer disputar a liderança??? O fato de termos um deputado que também é filho do nosso presidente (por quem trabalharei todos os dias) não nos exclui. Isso é democracia. Você é dentro do partido um parlamentar que fez votação estrondosa com o sobrenome que tem. Eu também fiz, sem sobrenome. Se quisermos ter 52 candidaturas podemos ter e decidimos no voto e no debate, não por recadinhos infantis via Twitter. Cresça.
“Eduardo, não admito nem te dou liberdade para falar assim comigo, ou escrever algo nesse tom. Não te dei liberdade pessoal nenhuma, portanto, ponha-se no seu lugar. Minhas discussões aqui são políticas e não pessoais. Se formos discutir a questão ‘fama’, a coisa vai longe. Então não envergonhe o que seu pai criou”.
Vários outros membros da bancada do PSL intervieram na discussão. Por exemplo, disse o deputado Ubiratan Sanderson (PSL-RS):
“Como não dei procuração e nem fui procurado pela senhora para que pudesse falar em meu nome, mesmo que de forma indireta, NÃO LHE AUTORIZO usar o meu nome ou a minha condição de futuro parlamentar (mesmo que indiretamente) para quaisquer representações.”
DEBATE
A troca de ideias começou com uma mensagem da deputada Hasselmann, segundo a qual, “tem deputado eleito se passando por líder do PSL a partir de 2019 e atrapalhando demais as articulações para formação de bloco, fazendo com que o partido passe vergonha”.
O ataque era ao deputado Delegado Waldir (PSL-GO), no momento, um dos principais articuladores do partido de Bolsonaro na Câmara.
Mas, segundo a deputada Hasselmann, a articulação política do PSL “está abaixo da linha da miséria”.
O senador eleito – e atual deputado – Major Olímpio, esclareceu, também no grupo de WhatsApp, que “tanto Waldir quanto eu recebemos instruções e orientações do presidente, que deixou bem claro que não tem nada definido para liderança de nada e que o partido lutasse por espaços. Ainda sou deputado, mas procuro só ajudar o EDUARDO que pelo que eu saiba ainda é o LÍDER do partido na Câmara”.
Porém, a deputada Hasselmann não se conformou:
“Quem escolhe o líder não é o presidente da República, e sim os parlamentares eleitos”, e acrescentou: “não temos interlocução nenhuma do governo e do PSL no Senado”.
Segundo ela, comprovou tal coisa ao conversar com senadores de outros partidos.
O senador Major Olímpio respondeu a Hasselmann que esses senadores estavam “mal informados” – e que a bancada do PSL no Senado estava “atuante”.
Alguns lembraram que um dos membros dessa bancada é outro filho de Bolsonaro, Flávio (PSL-RJ).
Mas a deputada Hasselmann não achou, pelo visto, que isso tinha importância. Sobre a reunião do senador Major Olímpio e do deputado Delegado Waldir com Bolsonaro, referida pelo primeiro, disse ela: “interessante saber que o senhor está articulando à revelia da bancada e do presidente do partido”.
E continuou:
“Bolsonaro o elegeu senador, com todo o respeito. Ademais, o senhor deveria ‘perder’ um pouco do seu tempo com a bancada, além do líder, pq o senhor TEM OBRIGAÇÃO. Isso não é um quartel, major, é um partido.”
MAJOR OLÍMPIO: “Bolsonaro elegeu a todos nós. No quartel todos têm papel definido, têm responsabilidades, respeitam aos companheiros”.
HASSELMANN: “Vou seguir o mesmo raciocínio do meu presidente da República, Jair Bolsonaro. NÃO FALO COM O PRESIDENTE REGIONAL DO PARTIDO. E sim com a BANCADA”.
[NOTA: O Major Olímpio é presidente do PSL de São Paulo.]
MAJOR OLÍMPIO: “É uma pena, porque vários parlamentares são presidentes regionais. Com a palavra, a bancada…”
A discussão se estendeu por toda a madrugada de quinta-feira. Depois do meio-dia, como mencionamos, Eduardo Bolsonaro entrou na discussão.
A deputada Hasselmann, depois, publicou uma mensagem no Twitter, acusando o presidente do PSL em São Paulo, Major Olímpio, de “truculência”.
Segundo o Major Olímpio, não há racha no PSL porque “todos estão contra Joice”:
“Não tenho dúvida de que foi ela quem vazou as conversas no WhatsApp. Alguém tem? Se houve manifestação no imaginário dela de que não existia liderança e que só ela é capaz de exercer, isso é um grande equívoco. Joice sempre fala por ela, não pelo partido”.
C.L.
o psl deve colocar a joyce no seu devido lugar, caso contrário ela vai implodir o partido.