
Ataque virulento da mídia ao presidente Lula por comemorar a derrota de Adolf Hitler, em Moscou, é bajulatório, anacrônico e estúpido
O mundo se viu livre da peste nazista que infernizou a Europa no dia 9 de maio de 1945. Nesta data, há 80 anos, depois de perder 27 milhões de compatriotas, os soviéticos dobraram a soberba e a crueldade dos nazistas e os obrigaram a renderem-se incondicionalmente diante do Marechal Zhukov e demais aliados.
Os soviéticos atraíram a ajuda de vários países, entre eles a Inglaterra, China, Estados Unidos e o Brasil, que enviou 25 mil soldados para combater os nazistas na Europa.
Nada mais natural que a humanidade toda comemore efusivamente essa data. Nada mais natural que se reverenciem os milhões de heróis que deram a vida para que o mundo pudesse ser libertado e protegido do terror assassino dos fascistas. O presidente Lula representou o Brasil na grande parada pelos 80 anos da vitória em Moscou. Uma honra para os brasileiros estarem comemorando junto com os vencedores que mais se sacrificaram para garantir a liberdade e a democracia para todo o planeta.
A presença de Lula na solenidade é também o fortalecimento da tradição diplomática brasileira de respeito à memória dos que morreram na Segunda Guerra Mundial e de compromisso com a paz mundial. O Brasil foi aliado dos soviéticos e dos países ocidentais na luta contra a tirania de Adolf Hitler. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) integrou as forças aliadas, e a vitória de 1945 é uma conquista que pertence a toda a humanidade.
Por isso é uma infâmia e uma pusilanimidade o posicionamento de parte da mídia brasileira que atacou virulentamente o presidente Lula por comemorar a derrota de Adolf Hitler em Moscou. Preferiam o silêncio do presidente, ou quem sabe que ele se alinhasse com os nazistas de Kiev, que não só não comemoraram o fim do III Reich, como reverenciam os colaboradores de Hitler, entre eles Stepan Bandera, o carrasco que eliminou dezenas de milhares de judeus poloneses e ucranianos.
E este posicionamento covarde de alguns órgãos de imprensa do Brasil não é apenas por simpatia ao regime do “marionete” de Kiev ou à falida e submissa OTAN, mas também por pura bajulação ao imperialismo. E, pior, é um alinhamento e um servilismo vergonhoso não a qualquer imperialismo, mas à parte mais apodrecida do imperialismo e, por isso mesmo, a que mais aposta na escalada da guerra. Os que insistem em insuflar a guerra da Europa contra a Rússia e a China hoje são os fabricantes de armas.
Este é único setor que ainda produz alguma coisa no ocidente e quer manter e ampliar a guerra para ganhar dinheiro. Seguir a reboque dessa gente é uma estupidez. Querer chantagear o governo brasileiro para que ele se submeta às taras do complexo industrial militar é estar literalmente intoxicado pelas loucuras dos falcões da guerra. É estar também alienado das grandes mudanças que se operam atualmente na geopolítica mundial. O Sul Global quer respirar e não aceita mais a dominação sufocante de um império decadente e parasitário.
Amarrar o bode nos que querem desesperadamente destruir a Rússia e a China, como pretende o lado mais lunático do imperialismo, é apostar num grande desastre no planeta, que não vai levar a lugar nenhum a não ser provocar mais mortes e mais desgraça. É também deixar de aproveitar as grandes oportunidades que se abrem para o Brasil com a crise atual dos que o dominam desde sempre. A oligarquia financeira está em apuros e aposta no fascismo e na guerra para sair da lona e seguir explorando o mundo.
O Brasil esteve e está do lado certo da história ao rejeitar o fascismo e a guerra. Bem fez o presidente Lula que, em entrevista em Moscou, após o desfile, cobrou a presença de países como a França e a Inglaterra que sofreram nas mãos de Hitler e que hoje tentam esconder que foram salvos pela URSS.
Lula afirmou que não entendeu porque eles se recusaram a comemorar e impediram que seus cidadãos fossem a Moscou. “Por que os europeus estão criticando o país que mais sofreu as atrocidades de Hitler por comemorar a vitória sobre os nazistas?”, indagou o presidente brasileiro. “Tanto o Brasil quanto a China trabalham firmemente pela paz e continuaremos a fazê-lo”, disse Lula. O presidente do Brasil está coberto de razão.
SÉRGIO CRUZ