Na sessão solene, realizada na Câmara Municipal de Vereadores de São Borja (RS), em homenagem a Leonel Brizola, pela passagem dos 14 anos de seu falecimento, o ex-ministro e deputado Brizola Neto destacou que a maior homenagem que se pode fazer ao seu avô é implementar as políticas pelas quais ele lutou.
Brizola Neto considerou que uma grande parte do legado de seu avô está em sua luta para que todos os brasileiros tivessem direito à educação – não apenas à matrícula em uma escola, mas a educar-se verdadeiramente, com os pobres em pé de igualdade, quanto ao ensino, com os mais ricos.
Citou, também, uma frase de Leonel Brizola, em uma entrevista ao escritor Moniz Bandeira: “Ser radical em política é querer chegar à raiz dos problemas. E há muitas questões em que não se pode deixar de ser radical. Por exemplo, ser radical contra a corrupção”.
A deputada estadual e neta do ex-governador, Juliana Brizola, lembrou da importância da realização de atos que lembrem a coragem e a dedicação de memoráveis brasileiros, como Leonel Brizola, em sua luta pela defesa da soberania nacional.
A família Goulart, esteve representada pelo neto do presidente João Goulart, João Goulart Neto.
Estiveram presentes no ato, também, o pré-candidato do PDT ao governo do estado do RS, Jairo Jorge, e o pré-candidato à presidência da República, Ciro Gomes, além de outras autoridades locais e regionais.
Abaixo, publicamos dois artigos, da deputada Juliana Brizola, ambos publicados na imprensa gaúcha, no último dia 21.
Brizola tinha razão
JULIANA BRIZOLA
Em tempos difíceis, em que a sociedade passa por um momento de descrédito em relação à política brasileira, sobretudo em relação aos seus representantes, trazer à tona a história de um homem como Leonel de Moura Brizola se faz de extrema importância. Mais do que isso, diga-se de passagem, é algo inspirador. Enquanto muitos utilizam a política para se locupletar, enaltecer uma figura pública que, até o seu último suspiro, lutou bravamente pela emancipação do povo brasileiro, nos motiva a acreditar em um mundo melhor.
O menino pobre, que atendia pelo nome de Itagiba, saiu de Carazinho – quem diria – para mudar a vida de milhares de pessoas. Vítima de suas convicções, batalhou por um Brasil melhor, lutou por liberdade, almejou, com todas as forças, a justiça social e, sobretudo, a soberania de seu povo. Passou por períodos amargos, exilado de sua Pátria foi, mas retornou, após o golpe militar, aclamado pelo povo.
Nos dias de hoje, mais do que nunca, seu nome é invocado e seus ideais conclamados por aqueles que buscam um norte para o Brasil. Brizola resistiu, fez história, foi voz firme na trincheira trabalhista. Uma figura política vilipendiada e perseguida pelas forças conservadoras do país, mas que nunca se curvou aos “interesses” do capital. Embora não esteja mais entre nós, seu legado segue, a cada dia que passa, mais forte e guiando o caminho daqueles que lutam por uma sociedade justa e igualitária.
Ao olhamos para trás, nos deparamos com os ensinamentos de um homem à frente de seu tempo que, até hoje, nos mostra o caminho a seguir. Como quem fazia premonições, Brizola alertou a população sobre os perigos da sonegação, da corrupção por trás das privatizações das empresas públicas, da entrega do patrimônio brasileiro e suas riquezas, do monopólio comunicacional, da concentração de renda, dos lucros exorbitantes dos bancos. Porém, o tempo passou e com ele a verdade veio à tona. Hoje, após 14 anos de seu falecimento, não há quem ouse afirmar o contrário: Brizola tinha razão!
“Honrar sua história, não apenas como neta, mas como militante social, é uma causa de vida”
JULIANA BRIZOLA
Pablo Neruda, nos anos 60, poetizou a presença de Brizola no cenário da América como sendo uma deslumbrante encarnação de esperanças, pois pregava um novo mundo: sem miséria, ignorância e injustiças sociais. Em seus escritos, profetizou que Leonel Brizola encarnava a construção de um futuro. Não estava errado. Uma nova vida se abriu para milhares; um novo horizonte.
Aos que não tinham onde morar, Brizola foi lotes e casas. Aos que não sabiam ler e escrever, foi escolas. Aos que não tinham onde plantar, foi Reforma Agrária. Aos que não tinham energia, foi hidrelétrica e termoelétrica. Aos que não tinham caminhos, foi estradas e pontes. Aos que não tinham como se locomover, foi trem. Aos que não tinham lazer, foi praças e parques. Para os distantes da cultura, foi a avenida do samba. Para quem viu sua cidade dividida, foi avenidas unificadoras. Para quem não tinha profissão, foi universidade. Aos que não tinham investimentos, foi bancos para construir o capital nacional.
Ainda jovem, montado em um cavalo de pau, se dizia político. Foi e se fez Leonel! Dos livros de dona Oniva, sua mãe, foi engenheiro! E, destes caminhos, fez a luta dos que estavam longe dos bancos escolares. Brizola foi educação!
Carazinho ficou distante e a Capital dos gaúchos foi sua primeira parada. Homem decidido, conheceu o amor: foi Neusa! Brizola foi família!
Exilado de sua terra, andou por distantes mares. Os pusilânimes não queriam um homem que olhava todos como um só. Depois de tempos, voltou à sua pátria e escolheu sua segunda parada: a cidade do Rio de Janeiro.
Lá, junto dos velhos companheiros de lutas e dos novos que se agregaram àquele fervor nacionalista, contribuiu, decisivamente, para o fortalecimento da democracia brasileira. Brizola foi Brasil!
Ao olhar para trás, me deparo com os ensinamentos de um homem à frente de seu tempo que, até hoje, nos mostra o caminho a seguir. Mesmo depois de sua passagem, segue pregando lições e guiando vidas. Honrar sua história, não apenas como neta, mas como militante social, é uma causa de vida. Sou Brizola!