Hondurenhos protestam contra o patrocínio de Trump à fraude nas eleiçõe do país

Com Manuel Zelaya e Rixi Moncada, a Assembleia Popular Extraordinária pela Dignidade Nacional do Partido Liberdade e Refundação condenou “golpe eleitoral dirigido desde Washington” (Libre)

Passadas mais de duas semanas das eleições gerais, hondurenhos seguem nas ruas para exigir recontagem especial dos votos e denunciar armações e ameaças em favor do candidato da Casa Branca, Nasry “Tito” Asfura

Os protestos contra a fraude e a ingerência de Trump continuam crescentes em Honduras e, a duas semanas das eleições gerais de 30 de novembro, a recontagem especial dos votos com inconsistências continua paralisada. Enquanto isso, as denúncias de armações de Washington em prol do candidato do partido (Anti) Nacional à presidência,  Nasry “Tito” Asfura, continuam se multiplicando, bem como o seu isolamento.

Tanto a candidata do partido governista Liberdade e Refundação (Libre), Rixi Moncada, como o do Partido Liberal, Salvador Nasralla, apontaram a ilegalidade do processo e exigiram a completa revisão das atas incluídas na recontagem especial, um procedimento que é realizado separadamente.

A contagem geral foi retomada no último domingo com cerca de 99,8% dos votos e Nasry Asfura na liderança somando 1.305.033 votos (40,54%), contra 1.261.849 votos (39,19%) de Nasralla, do Partido Liberal, segundo a última atualização do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Cerca de 2.773 urnas apresentaram inconsistências, o equivalente a aproximadamente meio milhão de votos (bem acima da pequena diferença de 43.000 votos entre Asfura e Nasralla), que deveriam ser submetidas a uma análise especial. Até o momento, apenas 1.081 urnas foram aprovadas para revisão, o que continua bloqueando a apuração final.

Diante dos números apresentados, manifestações ocorrem diariamente em frente ao Instituto Nacional de Formação Profissional (INFOP), em Tegucigalpa, um centro de apoio logístico do CNE onde é armazenado todo o material das eleições, nas ruas e rodovias.

INDULTO CONCEDIDO POR TRUMP AO TRAFICANTE JOH

“Condenamos veementemente a interferência e a intervenção do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nas eleições hondurenhas. O golpe eleitoral foi orquestrado a partir de Washington, e um indulto foi concedido a Juan Orlando Hernández (JOH), condenado a 45 anos de prisão por tráfico de drogas, por contrabando de pelo menos 400 toneladas de cocaína para os EUA”, afirmou o Partido Libre, reunido em Assembleia Popular Extraordinária pela Dignidade Nacional, na cidade de Siguatepeque, no departamento de Comayagua, no domingo (13).

O Libre ressalta que “o presidente dos EUA ameaçou o povo hondurenho e pediu que não votassem em Rixi Moncada, a quem rotulou de comunista e principal adversária, afirmando que pessoas inteligentes não deveriam votar nela e instando-as a votar no candidato do partido de Juan Orlando, Nasry Asfura”.

INSTAURARAM O TERROR COM A AMEAÇA DO FIM DAS REMESSAS DOS EUA

“A fraude da Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares (TREP), revelada nas 26 gravações de áudio, expôs o plano criminoso do golpe, agravado pelo ataque às eleições durante o período de silêncio eleitoral promovido pelo presidente dos EUA, e pelas mensagens ameaçadoras em massa enviadas a pessoas que recebiam remessas em Honduras, personalizadas para instaurar o terror, ameaçando interromper as remessas”, esclarece o Libre. 95% dos recursos que ingressam no país centro-americano provêm dos EUA, com as remessas representando mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Honduras.

 “Essas ações contra o direito ao voto ocorreram nas 72 horas que antecederam o domingo, 30 de novembro, emboscando os eleitores com coerção e ameaças em massa, aterrorizando-os ao adverti-los pessoalmente de que as remessas dos Estados Unidos seriam interrompidas”, acrescenta o documento.

Esta foi uma “operação continental de medo ideológico”, sentenciou o Libre, recordando que “já foram apresentadas provas ao sistema judicial de mais de quatro milhões de mensagens ameaçadoras dirigidas às famílias de hondurenhos que recebem remessas”. “Rejeitamos a guerra psicológica e midiática sem precedentes, financiada por grandes empresas que sonegam impostos e se beneficiam de concessões, isenções, e fundos fiduciários; proprietários de maquiladoras; plataformas digitais; e laboratórios de desinformação. Condenamos a intervenção aberta de atores estrangeiros, de Washington a governos de extrema-direita na região”, destacou o documento.

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