Hondurenhos tomam as ruas contra fraude eleitoral

Marcha reúne 80 mil contra posse de JOH

Mais de 80 mil hondurenhos marcharam em San Pedro Sula, segunda principal cidade do país, para repudiar a “fraude” nas eleições de novembro passado e exigir a posse do candidato da Aliança de Oposição contra a Ditadura, Salvador Nasralla, à presidência.

“A fraude eleitoral não passará”, “Fora JOH! (Juan Orlando Hernández)”, “Basta de assassinatos seletivos” e “Liberdade para os presos políticos” foram algumas das palavras de ordem entoadas pela multidão ao longo do percurso em que foi reiterado o clamor pelo respeito ao resultado das urnas.

Com 57% dos votos apurados, o primeiro informe do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deu a Nasralla, carismático apresentador de televisão, cinco pontos de vantagem contra o candidato direitista à reeleição. A partir de então, o sistema começou a sofrer inúmeras interrupções e falhas – se encerrando somente três semanas depois – com o informe que deu a vitória a JOH, atual presidente, com 42,95% contra 41,42% do oposicionista.

“Retifiquem que ainda estão a tempo”, afirmou Nasralla, sublinhando que os protestos crescerão como uma enorme onda até que o “triunfo seja respeitado”, acrescentando que JOH poderá tomar posse no próximo dia 27 “com os militares que o rodeiam, mas não com o povo”. “Não nos deteremos até que Hernandéz diga que vai embora”, frisou.

De acordo com organizações de direitos humanos, por repudiarem a fraude e se somarem aos protestos pela democracia morreram até o momento 36 pessoas, havendo 800 presos políticos.

Para o coordenador geral da Aliança de Oposição e ex-presidente Manuel Zelaya, deposto pelos golpistas em 2009, “a presidência é eleita pelo povo, não a elege os militares, nem os gringos (estadunidenses) e nem o TSE”. Por isso, enfatizou, o povo tem “direito à insurreição e irá boicotar a fraudulenta posse e a criminosa juramentação de um presidente que perdeu as eleições”.

Principal líder oposicionista, Zelaya convocou “uma greve geral nacional, que paralise rodovias, portos e aeroportos, a fim de que se respeite a vontade popular” e fez uma exortação à “desobediência civil” para boicotar a posse de JOH.

Zelaya declarou à multidão que discorda do pedido feito pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, para que sejam realizadas novas eleições em Honduras, já que a missão de observação do organismo alegou não poder afirmar quem teria se saído vitorioso do pleito.

Assim que os EUA reconheceram a eleição do marionete JOH, envolveram na manobra alguns governos marionetes como Taiwan, Kosovo e o México, governado pelo submisso Peña Nieto.

Comprometido em restabelecer a democracia no país centro-americano, Zelaya, contribuindo para o isolamento dos golpistas, defendeu uma comissão para mediar as negociações. “Não negociamos com criminosos, terroristas e gente vinculada ao narcotráfico. Aceitamos um mediador, porém com características vinculantes, que suas decisões sejam respeitadas e que tenham um tempo determinado”, porque “não vamos deixar que nos tirem a vitória”, concluiu.

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