A crise do Hospital Universitário da USP segue se aprofundando. Depois do Pronto Socorro de Pediatria fechar a porta, agora é a vez no Pronto Socorro adulto deixar de atender a população residente na região do Butantã e a comunidade USP. Os cortes de verbas por parte da reitoria já vêm desde 2014. Dezenas de médicos e centenas de funcionários acabaram pedindo demissão e não houve nenhuma reposição. Foram fechados leitos de UTI e enfermaria. O governador Geraldo Alckmin tem demonstrado um total descaso com a população ao afirmar que ele não tem nada com o problema. E a reitoria da USP, por sua vez, nada faz e segue cortando as verbas. A direção da USP anuncia que pretende se desfazer do hospital.
O fechamento do Pronto Socorro adulto se deu nesta segunda-feira, dia 11 de dezembro. Somente serão atendidos os pacientes que forem transferidos de outros serviços ou que forem levados ao hospital pelas ambulâncias do SAMU e do COPOM. Os demais pacientes que procurarem o HU espontaneamente serão orientados a se dirigirem a outros serviços ou às AMAS da região.
A população da região Oeste da cidade sofrerá muito com o fechamento do Pronto Socorro do HU. Eles não terão alternativa para o atendimento hospitalar. O HU é o único grande hospital da região. No último dia 24 de novembro a população do Butantã fez um abraço simbólico ao hospital e fez uma passeata de protesto contras o descaso das autoridades com a situação. Os alunos de diversos cursos da área da saúde também estão protestando e fazendo greve contra o fechamento do hospital. Eles serão prejudicados porque o HU é o hospital escola da USP.
Para Sérgio Cruz, clínico do hospital, “não está havendo crise financeira”. Segundo ele, “há um plano deliberado por parte da reitoria da USP e do governo do Estado de fechar o HU”. “Eles não querem se comprometer com a manutenção do hospital. A reitoria da USP tentou transferi-lo para o Estado, mas não teve sucesso. Desde então, o reitor Marco Antônio Zago, que é médico, está estrangulando o HU”, denunciou o servidor do hospital. “O plano é inviabilizar o funcionamento do hospital para justificar sua transferência para Organizações Sociais ou até mesmo para grupos privados”, acrescentou Sérgio Cruz.
Nesta terça-feira o diretor do Sindicato dos Médicos, Gerson Salvador, que também é funcionário do HU, esteve em audiência pública, junto com manifestantes na Assembleia Legislativa de São Paulo, tentando resolver o impasse do HU. Foi apresentada uma emenda ao projeto orçamentário previsto para 2018, de autoria do deputado Carlos Neder, que destina recursos para a manutenção do Hospital Universitário. Os manifestantes se reuniram com o relator do orçamento, deputado Marco Vinholi, com o objetivo de sensibilizar o parlamentar para a gravidade dos problemas que a população da Zona Oeste terá com o fechamento do HU. Até o fechamento desta edição não tivemos informações do resultado da reunião.