O governo dos Estados Unidos pediu ao governo brasileiro mais informações sobre o processo contra o blogueiro golpista Allan dos Santos para dar andamento ao pedido de extradição, afirmou o ministro da Justiça, Flávio Dino.
Allan dos Santos está foragido da Justiça desde setembro de 2021, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou sua prisão, após pedido da Polícia Federal.
Em entrevista ao Estadão, o ministro da Justiça, Flávio Dino, contou que “houve pedido de extradição e está sob análise das autoridades dos Estados Unidos”.
“Houve uma resposta técnica recente, semana passada, em que eles pediram mais informações e nós estamos nesse momento junto com o Supremo, vendo esses elementos para responder o governo dos EUA”, disse.
“Na verdade, é um questionário sobre certas circunstâncias aí o pessoal aqui da Secretaria Nacional de Justiça conversou com o Supremo para ver como responde, porque o inquérito é lá”, continuou.
“A questão é: seria prender para extraditar. E aí essa extradição depende da tramitação desse pedido, que já existe. O que eu posso dizer é isso”, completou Dino.
Allan dos Santos é investigado pelo STF por produzir e disseminar notícias falsas para atacar as instituições democráticas, a pedido de Jair Bolsonaro. Seu site, o “Terça Livre”, também foi usado para agredir e mentir sobre os opositores do governo.
Durante a pandemia, Allan dos Santos divulgou centenas de mentiras que atrapalharam o combate à Covid-19, como dizer que o coronavírus era inofensivo e que a cloroquina era um remédio milagroso.
O passaporte do blogueiro golpista foi cancelado pelo STF em novembro de 2022.
No pedido de prisão, a Polícia Federal afirma que Allan atacava a Constituição Federal, os Poderes de Estado e a Democracia “a pretexto de atuar como jornalista”.
Mensagens obtidas pela PF mostram que Allan dos Santos contou com apoio de Eduardo Bolsonaro para conseguir fugir do país, assim como recebeu patrocínio de Luciano Hang, dono das lojas Havan, para seu site golpista.
A PF também encontrou prova de que o deputado Eduardo Bolsonaro pagava o aluguel de uma mansão em Brasília, avaliado em R$ 9 mil mensais, para que Allan dos Santos trabalhasse disseminando mentiras a serviço do antigo governo.
Interessado em proteger o aliado, Jair Bolsonaro fez tudo o que pôde para atrapalhar a prisão decretada pelo STF.
Servidores do Ministério da Justiça e agentes da Polícia Federal que estavam envolvidos com o caso foram trocados de posto para atrasar a extradição de Allan dos Santos.