O Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) está a ponto de fechar as portas do pronto-socorro de adultos, pouco após fechar totalmente o setor infantil, que recebia 120 crianças por dia. De dois anos para cá, o hospital teve uma redução de 80 leitos, o equivalente a 30% do total.
Em um comunicado enviado à direção há duas semanas, 56 médicos afirmam que a saída de um colega, marcada para os próximos dias, vai inviabilizar as jornadas. Haverá apenas dois plantonistas para cuidar de enfermaria, UTI e ambulatório. Se o pronto-socorro adulto fechar, cerca de 500 pessoas deixarão de ser atendidas por dia na região. A reitoria da USP e a Faculdade de Medicina estão lavando as mãos e deixando o hospital à deriva.
O clínico geral Sérgio Cruz, com dezoito anos de HU, afirmou que a decisão de se desfazer do hospital por parte da Universidade e da Faculdade “é de uma irresponsabilidade sem tamanho”.“Tentamos manter o atendimento por amor à profissão, mas chegamos ao limite”, afirma. “Os estudantes e a população da Zona Oeste serão gravemente prejudicados”, acrescentou o Dr. Cruz.
Em 2017, o orçamento da instituição foi de 263 milhões de reais, cera de 20% menor que o de 2015. Desde 2014, o espaço perdeu 69 médicos, o equivalente a 25% da força de trabalho. “Eles saíram e nunca foram substituídos”, diz o clínico geral Gerson Salvador, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo e funcionário do HU desde 2010. “Eles dizem que hospital de ensino é caro, que a USP não tem como sustentá-lo. Isso é mentira. O HU tem mais de 40 anos de existência e é um hospital de excelência. Não é à toa que os estudantes estão em greve para defendê-lo. O que a direção da USP quer é transferir o HU para uma OS (Organização Social) e nivelar tudo por baixo”, adendou Sérgio Cruz.
O sucateamento do hospital motivou a greve dos alunos de Medicina da universidade iniciada no dia 13 de novembro, que já está com adesão de alunos da enfermagem em de médicos residentes. Diversas manifestações estão marcadas nos próximos dias, desde dentro dos corredores da universidade, até nas ruas da cidade.