
Concentração de renda permanece exorbitante no país
A concentração de renda continua sendo o maior destaque negativo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) divulgada na quinta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os 10% da população com maiores rendimentos receberam em 2024 o equivalente a 13,4 vezes mais o rendimento dos 40% da população com os menores rendimentos. E, ainda, o 1% da população com rendimentos mais elevados recebeu o equivalente a 36,2 vezes o rendimento dos 40% de menor renda.
Mesmo que essa concentração tenha tido uma pequena redução, estando em seu menor nível desde 2012, quando o instituto deu início à pesquisa, em ambas comparações a assimetria é enorme, podemos dizer abissal, na comparação com os 1% mais rico.
A pesquisa traz alguns ganhos obtidos nas várias comparações de renda. Para todas elas serve a mesma consideração, os ganhos favoráveis são pequenos, aquém das necessidades da grande maioria da população, e também frustram o anseio de mudanças mais profundas que a campanha eleitoral de 2022 estabeleceu.
O Rendimento Mensal Real Domiciliar Per Capita chegou ao maior valor da série em 2024, no montante de R$ 2.020, ou uma alta de 4,7% na comparação com 2023. Em relação a 2012 (R$ 1.696), ano inicial da série histórica, a elevação foi de 19,1%.
Essa variação com 2012 é um exemplo de ganhos pouco efetivos, pois é preciso levar em consideração a inflação no período, desde 2012? Portanto, o ganho obtido fica muito aquém do aumento do custo de vida.
O descontentamento dos trabalhadores, mas também de grande parte da classe média, vem se manifestando recentemente com os aumentos dos alimentos, mas reflete também o descontentamento com os anos de declínio das condições de vida. A população está empobrecida depois de anos de baixo crescimento da economia devido a políticas de arrocho monetário e fiscal. Como se diz por aí, “a vida está muito cara”.
Dois outros indicadores do PNDA traz atingiram seus maiores valores reais desde 2012: o rendimento habitualmente recebido em todos os trabalhos agora está em R$ 3.225,00 e o de programas sociais do governo na base de R$ 836,00.
Por outro lado, a população que recebe benefícios de programas sociais do governo subiu de 18,6 milhões em 2023 para 20,1 milhões em 2024. O maior número foi registrado em 2020, durante a pandemia de Covid-19.
Nesse ponto, podemos observar como as condições de vida do povo vive uma precarização. Os programas sociais precisaram ser ampliados. O Bolsa Família especialmente seria uma política para ter uma data de validade, ou pelo menos uma significativa redução no seu tamanho. Para isso, a economia precisava ter crescido mais, gerado muito mais postos de trabalho, conseguido muito mais crescimento.
Pelas regiões, o rendimento mensal real domiciliar per capita apresentou fortes desigualdades entre localidades. O Distrito Federal registrou o maior valor, marcando R$ 3.276, com São Paulo (R$ 2.588) e Santa Catarina (R$ 2.544) na sequência, enquanto o Maranhão teve o menor, com R$ 1.078, seguido por Ceará (R$ 1.210) e Amazonas (R$ 1.231).
J.AMARO