O índice do IBGE que mede o número de pessoas que procuraram emprego na última semana e não encontraram atingiu 12,2% no trimestre móvel novembro/2017-janeiro/2018, o que significa que 12,7 milhões de pessoas estão nesta situação. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada na quarta-feira (28/02) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda, conforme o próprio IBGE, no total, são 26,7 milhões de pessoas que estão em condições de trabahar no Brasil, mas não estão conseguindo.
O índice de desocupação ficou acima do que o registrado no trimestre outubro-dezembro/2017, quando a taxa foi de 11,8%.
Desde 2013, a evolução da taxa de desemprego, no trimestre móvel novembro-janeiro, foi a seguinte: 7,2%, 6,4%, 6,8%, 9,5%, 12,6% e 12,2%, respectivamente. Os índices apontam de forma cabal o grau de deterioração da economia ao logos dos anos – seja com Dilma, seja com Temer – em que prevaleceu o neoliberalismo, com juros reais estratosféricos, corte de investimentos públicos e desnacionalização/desindustrialização.
Segundo a pesquisa, a população ocupada no período somou 91,7 milhões de pessoas, um aumento de mais de 1,848 milhão de pessoas em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Isso se deu pelo crescimento do trabalho informal. “As políticas [do governo federal] ainda não foram eficientes para gerar postos com carteira de trabalho assinada. No paralelo disso, você vê a informalidade crescendo em nível recorde”, afirmou o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
Além da precarização, trabalho informal significa menos arrecadação para a Previdência Social.
Conforme o IBGE, o aumento do volume de pessoas ocupadas em um ano ocorreu assim:
– 986 mil novos trabalhadores por conta própria;
– 581 mil novos empregos sem carteira assinada;
– 317 mil novas vagas com carteira assinada no serviço público;
– 267 mil novos trabalhadores domésticos;
– 180 mil novos empregadores;
– 79 mil pessoas trabalhando como auxiliares de familiares;
– 562 mil vagas a menos com carteira assinada no setor privado.
De acordo com Azeredo, apenas os postos de trabalho criados no setor público (317 mil) podem ser considerados efetivamente formais. “A gente tem que dar conta que esse crescimento [da população ocupada] que aconteceu foi pelo trabalho informal. Desse 1,8 milhão que cresceu, parte expressiva é do mercado informal”, disse.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada ficou em 33,3 milhões, uma queda de 1,7% ante o mesmo trimestre do ano anterior. “O mercado continua perdendo carteira de trabalho assinada”, acrescentou Azeredo.
Um dado revelador de que a situação vai de mal a pior, bem longe da farsa da “recuperação” de Temer/Meirelles, foi o aumento de 4,4% (mais 986 mil pessoas) dos trabalhadores por conta própria, atingindo 23,2 milhões de pessoas, se aproximando da quantidade dos trabalhadores com carteira assinada. Ou seja, são milhões de trabalhadores, homens e mulheres, se virando nos 30, fazendo bico, lavando vidro de carro nos cruzamentos, vendendo comida em barraquinhas ou outra atividade para colocar o pão na mesa.
De um total de 23,2 milhões de pessoas trabalhando por conta própria, dentro de uma força de trabalho estimada em 104,4 milhões de pessoas, dão bem uma mostra da grave situação em que o país se encontra, que marketeiro nenhum é capaz de esconder, muito menos um governo desmoralizado e corrupto como o de Temer, repudiado por 97% da população.
Com o agravante de que os 12,7 milhões de desempregados estão inseridos nos 26,4 milhões de brasileiros que estão em condições de trabalhar e não estão encontrando emprego, o que representa uma taxa de subutilização da força de trabalho de 23,6%, no último trimestre do ano passado em relação ao trimestre anterior, de acordo com os números do IBGE.
Tal é a situação que nos levou o “ajuste fiscal” de Dilma/Levy e Temer/Meirelles para garantir a transferência de recursos públicos para o sistema financeiro, via gastos com juros.
Enfim, os números do IBGE jogam por terra a retomada do “crescimento” apregoada pelo governo e certos colunistas de aluguel, pois é literalmente impossível crescimento econômico com desemprego em massa.
VALDO ALBUQUERQUE