O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na sexta-feira (23) que 26,4 milhões de brasileiros em condições de trabalhar não estão encontrando emprego formal. Este número representa uma taxa de subutilização da força de trabalho, medida pela PNAD Contínua trimestralmente, de 23,6% no último trimestre do ano passado em relação ao trimestre anterior. Comparada com o quarto trimestre de 2016, a taxa subiu de 22,2% para 23,6%. Na média do ano a subutilização da força de trabalho ficou em 23,8% em 2017.
“As Medidas de Subutilização da Força de Trabalho aumentaram em praticamente todos os estados, ou seja, o total de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas e aquelas pessoas que estão fora da força de trabalho, mas têm o potencial de estarem na força de trabalho, esse conjunto aumentou”, declarou Cimar Azevedo, coordenador de trabalho e rendimentos do IBGE, ao divulgar a pesquisa.
O coordenador disse que agora houve um indicador novo, que é o desalento, mostrando que parte dessa população que está fora da força de trabalho está desalentada. A população desalentada, que poderia estar na força de trabalho, é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade – e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Ela faz parte da força de trabalho potencial. No Brasil, no 4º trimestre de 2017, essa população chegou a 4,3 milhões de pessoas, o maior contingente de desalentados desde o início da série histórica, iniciada no 1º trimestre de 2012 (1,9 milhão).
Ou seja, muita gente que poderia estar trabalhando, quer trabalhar,desistiu de procurar emprego. Para ele, isso pode estar relacionado principalmente com a crise econômica onde a desocupação é alta e as pessoas não conseguem trabalho. “Antes nós trabalhávamos com a definição força de trabalho onde se somava 90 milhões de ocupados com 12 milhões de pessoas desocupadas, somando aí cerca de 102 milhões de pessoas. Hoje, a gente vê que esse número é maior. Você tem que adicionar a essa força de trabalho cerca de 5 milhões de pessoas que estão na chamada força de trabalho potencial, ou seja, estão fora do mercado mas poderiam estar inseridas nesse mercado. Estão subempregados por horas trabalhadas, mas poderiam estar trabalhando mais horas”.
Como os arautos da “recuperação” não têm o que mostrar sobre o crescimento de empregos, analistas de aluguel repetem a baboseira de que “o emprego é o último a entrar na crise e o último a sair dela”. A mesma ladainha quando, recentemente, avaliaram o setor de Serviços, que encerrou 2017 acumulando queda de -2,8%. O fato concreto é que a falta de investimentos públicos, o arrocho salarial e os juros reais extorsivos estão destruindo o país e o desemprego segue nas alturas.
O que se vê é que milhões de pessoas, homens e mulheres, chefes de família, profissionais especializados, estão fazendo bico, limpando vidros de carros, se fingindo de estátuas vivas ou montando barraquinha para vender comida ou qualquer coisa que ajude a enfrentar a crise e dar algum conforto à família.
Segundo a pesquisa, no 4º trimestre de 2017 em relação ao mesmo período do ano anterior não houve criação de nenhum emprego com carteira de trabalho assinada no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos). O que houve foi uma redução de 685 mil empregos formais (-2,0%). Só há trabalho precário, sem qualquer proteção social.
Não há “recuperação” da economia sem geração de empregos, sem trabalhador com renda e estabilidade para comprar o que a sociedade produz. O país só vai gerar empregos, saindo da brutal crise iniciada por Dilma/Levy e aprofundada por Temer/Meirelles, quando houver a retomada dos investimentos públicos, juros reais civilizados, defesa da indústria e do patrimônio nacional. O resto é perfumaria para continuar impondo um “ajuste” fiscal que tem como único objetivo beneficiar os monopólios e os bancos, de preferência estrangeiros.