A afirmação do coordenador da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), Cimar Azeredo, de que “não temos nesta pesquisa a geração de um posto sequer de carteira assinada” no setor privado, neste ano, lança luz sobre o que realmente está acontecendo quanto ao emprego – questão em que a quadrilha do Planalto se esmera em confundir e promover comemorações que somente podem ser classificadas como coisa de escroque.
Vejamos os números dos trabalhadores com carteira assinada, segundo a PNAD Contínua:
1) janeiro: 33.858.000;
2) fevereiro: 33.738.000;
3) março: 33.406.000;
4) abril: 33.286.000;
5) maio: 33.258.000;
6) junho: 33.331.000;
7) julho: 33.340.000;
8) agosto: 33.412.000;
9) setembro: 33.300.000;
10) outubro: 33.303.000.
A PNAD Contínua, portanto, mostra um decréscimo de 555.000 pessoas que trabalhavam com carteira assinada desde janeiro, no setor privado.
Se utilizarmos dezembro de 2016 como referência, essa redução no número dos que trabalham com carteira assinada no setor privado, sobe para -702.000 pessoas.
Não há nenhuma criação de empregos com carteira assinada, exceto entre maio e junho (73.000), entre junho e julho (9.000) e entre julho e agosto (72.000), o que não recuperou a perda anterior e foi revertido, na maior parte, nos meses posteriores, por uma perda de 109.000 empregos com carteira assinada.
Enquanto isso, o “trabalho por conta própria”, que inclui não apenas o subemprego, mas também parte do desemprego (pois a PNAD Contínua inclui como “ocupados” aqueles que fizeram algum tipo de trabalho remunerado “durante pelo menos uma hora na semana”), aumentou em 759.000 pessoas entre janeiro e outubro.
Quanto às empregadas e empregados domésticos, o número destes aumentou em 205.000 no mesmo período.
Para completar, aqueles que são contratados sem carteira assinada – que são empregados e não “por conta própria” – aumentaram em 573.000 desde janeiro.
É isso que o governo está comemorando como “aumento do emprego”. Nas palavras, mais uma vez, do estatístico do IBGE que dirige a PNAD Contínua, o que está havendo é “precarização do mercado de trabalho, [com] ocupações de baixa qualidade”.
Se é que isso pode ser chamado de emprego. Reparemos que, se somarmos o aumento dos “trabalhadores por conta própria” com o aumento do emprego doméstico, somente isso, soma quase um milhão de pessoas (964.000 para ser exato).
Este contingente – e também a maior parte dos “empregados sem carteira” – é composto por demitidos e não por gente que conseguiu um emprego. A rigor, são trabalhadores que, depois de demitidos, arrumaram uma ocupação qualquer para que suas famílias não morressem de fome. Comemorar isso como “aumento do emprego” não é somente escroqueria, mas cinismo. O que não é surpreendente em Temer & cia.
C.L.