Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD Contínua de 2017, divulgados pelo IBGE, na quarta-feira (11), com base nos rendimentos de todas as fontes, é mais uma demonstração do desastre da “recuperação econômica” de Temer e Meirelles. O rendimento médio mensal real domiciliar per capita recuou de R$ 1.285,00 em 2016 para R$ 1.271,00 em 2017. As regiões Norte (R$ 810) e Nordeste (R$ 808) apresentaram os menores valores e a Região Sul, o maior (R$ 1.567).
Em 2017, a massa de rendimento domiciliar per capita do país ficou estagnada em 263,1 bilhões. Desse total, 43,3% ficaram concentrados nos 10% da população brasileira com os maiores rendimentos. A parcela dos 10% com os mais baixos rendimentos correspondia a 0,7% do total da massa de rendimento. Em 2016, esse valor foi de R$ 263,9 bilhões.
Em relação a 2016, o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos da população ocupada caiu de R$ 2.223,00 para R$ 2,178,00 em 2017 . O Centro-Oeste registrou o maior valor (R$ 2.512,00) e o Nordeste o menor (R$ 1.509,00).
O rendimento médio de todas as fontes, em média, também caiu de R$ 2,124,00 em 2016 para R$ 2,112,00 em 2017. A região Centro-Oeste registrou o maior valor (R$ 2 479), seguida pela Região Sudeste. A região mais industrializada do país teve a renda média de todas as fontes reduzida de R$ 2.547,00 em 2016 para R$ 2.459,00.
Segundo Cimar Azeredo, Coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, o fato de o Centro Oeste ter ultrapassado a renda do Sudeste é resultado de uma baixa expressiva do percentual de pessoas com carteira assinada. No cômputo geral, em 2017, o Sudeste entrou com uma participação menor na massa de rendimento total do país, com destaque para São Paulo e Rio de Janeiro que tiveram queda no emprego com carteira, uma entrada muito forte na informalidade e a falta de recebimento dos salários dos funcionários públicos, no caso do estado do Rio.
O IBGE considera “todas as fontes”, o rendimento oriundo de todos os trabalhos e de outras fontes, como pensão ou aposentadoria, aluguel e arrendamento, pensão alimentícia ou doação, seguro-desemprego e programas sociais.
Para Azeredo, a desigualdade medida pelo Índice de Gini mostra que o Brasil está “encabeçando a lista de desigualdade no mundo, com uma desigualdade interna muito forte”. “O grande destaque dessa divulgação é que o Brasil continua um país desigual. Ela evidencia que a desigualdade persiste e que ela não reduz”, enfatizou. O índice de Gini de rendimento efetivamente recebido de todos os trabalhos e de outras fontes mede a desigualdade da sua distribuição. Seu valor varia de zero (igualdade) até um (desigualdade máxima). Em 2017, o Índice de Gini do rendimento médio mensal real efetivamente recebido de todos os trabalhos foi de 0,524.
No ano passado, a parcela de 1% da população com os maiores rendimentos recebeu em média R$ 27.213. O que representa 36 vezes mais que o rendimento médio de 50% da população (R$ 754). Na região Nordeste, essa diferença é ainda maior: 44,9 vezes. No Sul, é de 25 vezes.
A desigualdade também é bastante expressiva quanto ao sexo, cor e escolaridade.
Enquanto o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos dos homens registrava R$ 2,410,00, o das mulheres estava em R$ 1.868, 00, o que representava 77,5% do rendimento masculino. Em 2016, essa proporção fora de 77,2%. O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas brancas (R$ 2 814) era maior que os rendimentos observados para as pessoas pardas (R$ 1 606) e pretas (R$ 1 570). As brancas apresentaram rendimentos 29,2% superiores à média nacional (R$ 2 178), enquanto as pardas e pretas receberam rendimentos 26,3% e 27,9%, respectivamente, inferiores a essa média.
Houve uma queda de -2,02% no rendimento médio mensal real efetivamente recebido de todos os trabalhos, sendo que na Região Sudeste esta queda foi de -5,71%. Do total dos brasileiros que trabalhavam, 70% ganhavam menos do que dois salários mínimos, com 30% ganhando menos que um salário mínimo.