O ano de 2018 acabou acumulando mais perdas para o setor de serviços. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quinta-feira (14), o volume de serviços prestados no Brasil recuou -0,1% no ano passado – sendo este o quarto ano consecutivo de resultados negativos. Somando as perdas, o setor encolheu 11,1% desde 2015.
“Ainda que, desde então, haja algum tipo de flutuação, mais para o campo negativo, o setor de serviços não consegue se recuperar. Tem comportamento errático e não consegue sair desse patamar tão distante do ponto mais alto”, destacou o gerente da pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo.
Os serviços tiveram resultado negativo de -3,6% em 2015, de -5% em 2016 e de -2,8% em 2017 – mostrando estabilidade na trajetória de queda que contraria qualquer tese de recuperação econômica. Sem o suporte da indústria e do comércio (que também desfilam dados desastrosos), com o desemprego em níveis históricos e as promessas de uma política econômica recessiva e ultraneoliberal do governo Bolsonaro e Guedes, 2019 parece já começar como mais um ano péssimo para o setor e para a economia.
Hoje, os serviços representam mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Por segmento e região
Com as empresas sofrendo o impacto da recessão, foi o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares que mais contribuiu para o resultado de 2018, além de ser um dos que mais perderam nos últimos quatro anos. No ano passado, recuou -1,9%, também o quarto negativo consecutivo.
“Dos últimos 45 resultados do setor, 43 são negativos”, afirmou Lobo, apontando que a retração da economia tem relação direta com a estagnação dos serviços profissionais e administrativos.
“Os serviços técnicos profissionais pesam 25% deste segmento. Eles são mais qualificados, como os serviços de engenharia, que é justamente o ramo que impulsiona a perda significativa”, disse.
Já os serviços administrativos e complementares, segundo Lobo, representam 75% dos serviços profissionais e administrativos. “São serviços de empresas prestados para empresas, e ainda não há uma recuperação clara da economia para que eles voltem a crescer”.
Outro registro importante da pesquisa é o desempenho do segmento de serviços prestados às famílias, que apesar de ter apresentado variação praticamente nula em 2018 (0,2%), tem um importante peso no setor e é a representação de como a crise, o desemprego e o arrocho salarial afetam o poder de compra das famílias. Este se encontra 12,4% abaixo do seu pico mais alto, registrado em 2013.
“Muito desse desempenho está relacionado aos serviços de restaurante. Ainda não há uma recuperação clara da massa de rendimentos, que está muito distante de 2014, o que impede as pessoas de realizarem gastos considerados supérfluos. Possivelmente, as famílias estão priorizando a refeição em casa, a levar quentinha para o trabalho”, diz o gerente do IBGE.
Destrinchando por estado, a pesquisa do IBGE apontou que os serviços caíram em 23 das 27 unidades da Federação – com destaque negativo para os tombos do Ceará (-7,1%), Bahia (-3,3%), Rio de Janeiro (-3,2%), Paraná (-1,7%) e Rio Grande do Sul (-1,7%).