“Atuou com coragem na defesa de presos políticos durante a ditadura”, disse Lula em mensagem. “Juntando política e cultura viveu de forma intensa e apaixonada”, acrescentou o presidente
Amigos e familiares se despediram nesta terça-feira (23) do advogado e dramaturgo Idibal Pivetta, que morreu aos 92 anos. Ele deixa um grande legado. Foi um bravo defensor de presos políticos durante a ditadura e deu vida ao Teatro Popular União e Olho Vivo, usando o nome artístico César Vieira.
No mundo jurídico, ele se apresentava com seu nome de nascença: Idibal Pivetta. E foi com sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que ele defendeu gratuitamente centenas de presos políticos durante a ditadura militar (1964-1985). Foram muitos os casos em que, como advogado, fez a defesa dos presos políticos.
Pivetta nasceu em Jundiaí, no interior paulista. Formou-se em Direito pela PUC e em Jornalismo pela Cásper Líbero. Também estudou na Escola de Arte Dramática (EAD), se envolvendo com teatro desde meados dos anos 1960.
O presidente Lula usou as redes sociais para lamentar a morte de Pivetta. Em sua conta no X, ele escreveu que o advogado e diretor teatral “atuou com coragem na defesa de presos políticos durante a ditadura”. Lula prosseguiu: “Juntando política e cultura viveu de forma intensa e apaixonada. Soube com tristeza da partida de nosso companheiro”.
O próprio Idibal foi preso algumas vezes, em pelo menos uma por se insurgir contra torturas. “Quando eu vi ele no DOI, pensei: estamos fritos. Prenderam até o nosso advogado”, contaria anos depois o ex-deputado estadual Adriano Diogo (PT). Outro que lembrou de Pivetta foi o advogado Joaquim Cerqueira Cesar. “Minha amizade com o Idibal aconteceu em um julgamento que teve no STM, famoso da greve do ABC, de 1979. Foi a partir dali que nos tornamos amigos” contou Cerqueira Cesar.
Pivetta também publicou vários livros. Como Em Busca de um Teatro Popular, João Cândido do Brasil: a Revolta da Chibata e Bumba, Meu Queixada, todos como César Vieira. Além das peças: por Zebedeu, recebeu o prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor autor nacional. Outra paixão de Idibal era a torcida Gaviões da Fiel. Pivetta deixou sua paixão pelo clube registrada na peça Corinthians, meu amor.
O grupo que ajudou a criar, em 1966, escolheu um texto dele, O Evangelho segundo Zebedeu, para iniciar atividades, com direção de Silnei Siqueira. “Advogado sempre disponível, tinha um carrinho pequeno em que transportava seu ‘escritório’, uma máquina de escrever Olivetti Lettera, modelo portátil. Estudantes, operários, professores, artistas atingidos pela repressão tinham nele o advogado. Sua voz nunca se calou e ele nunca se furtou a defender qualquer pessoa”, ressalta a Comissão Arns.
Também publicou vários livros. Como Em Busca de um Teatro Popular, João Cândido do Brasil: a Revolta da Chibata e Bumba, Meu Queixada, todos como César Vieira, além das peças de teatro. Pela peça Zebedeu, recebeu o prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor autor nacional.