
“Não restam dúvidas de que 2019 foi um ano recessivo para a indústria”
Ao analisar os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o declínio de -1,2% da produção industrial nacional em novembro, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) afirma que “há ainda muito chão pela frente para que tenhamos a pujança industrial de que o Brasil precisa para crescer”.
A queda na produção industrial em novembro em relação a outubro foi o segundo pior resultado mensal de 2019 na série com ajuste sazonal. Além disso, a maioria de seus ramos e todos os macrossetores industriais também ficaram no vermelho.
“Isso indica que o setor ainda não conseguiu melhorar seu atual padrão de desempenho, no qual os períodos de crescimento são raros e curtos. Trata-se de um sinal de alerta para que evitemos otimismo exagerado para a indústria e a economia em 2020”, afirma o Iedi. “Quando consegue engatar uma sequência de meses de crescimento, o que tem ocorrido muito raramente, isso dura pouco tempo”.
“O declínio de -1,2% da produção industrial em novembro frente a outubro, já descontados os efeitos sazonais, não só interrompeu uma fase positiva dos três meses anteriores, como foi o segundo pior resultado de 2019, perdendo apenas para março (-1,4%). Com isso, em apenas um mês foi eliminada metade da expansão obtida entre ago/19 e out/19”, destaca o Iedi.
ANO RECESSIVO
“Não restam dúvidas de que 2019 foi um ano recessivo para a indústria, pois de janeiro a novembro o setor acumula perda de -1,1% frente ao mesmo período do ano anterior”, ressalta o Iedi. Na comparação com novembro de 2018, houve queda de -1,7%.
“Deste modo, agora em nov/19 o nível de produção industrial está 17,1% abaixo de seu pico atingido em mar/11. Metade de seus macrossetores, porém, está muito pior: bens de capital encontram-se 34,2% abaixo de seu pico de set/13 e bens de consumo duráveis estão 25,5% aquém de sua marca de jun/13. A evolução titubeante do setor ajuda muito pouco a superar estes tombos que muitas atividades levaram”, diz o instituto.
DISSEMINAÇÃO DE RESULTADOS NEGATIVOS
O Iedi ressaltou ainda a queda em novembro na comparação com outubro em 16 dos 26 ramos pesquisados (61% do total). Todos os macrossetores industriais ficaram no vermelho na série com ajuste sazonal, como mostram as variações a seguir: Bens de capital: -1,3%; Bens intermediários: -1,5%; Bens de consumo duráveis: -2,4%; Bens de consumo semi e não duráveis: -0,5%.
“Este dado da disseminação das quedas indica que os problemas não foram localizados, embora os ramos de alimentos (-3,3%) e de veículos (-4,4%) tenham concentrando muito a força do retrocesso”.
“Os macrossetores que mais distantes estão de suas melhores marcas, isto é, bens de capital e bens de consumo duráveis, como vimos anteriormente, sofrerem quedas das mais agudas em nov/19. Bens intermediários, que representam o núcleo do sistema industrial, registraram o segundo maior declínio em nov/19, o que contribuiu para que ficassem 17,5% abaixo de seu pico de mai/11. Bens de consumo semi e não duráveis foram os que menos caíram, mas ainda assim estão a 9,3% aquém do auge de seu nível de produção obtido em jun/13″, destacou o instituto.
FOCUS
O último Boletim do Banco Central (Focus), com as previsões do mercado para a economia em 2019, divulgado no dia 6 de janeiro deste ano, aponta uma queda de -0,73% para a produção industrial e uma alta de 1,17% para o Produto Interno Bruto (PIB), um resultado menor do que os anos de 2017 e 2018, depois da grande recessão econômica (2014-2016).
No início do ano de 2019, este mesmo boletim do BC, previa um crescimento de 2,53% para o PIB e 3,04% para a produção industrial, o que não se verificou.
Com a economia patinando e a indústria estagnada, as previsões para 2020 iniciaram em 2,30% para o PIB e 2,19% para a produção industrial.