Iêmen: presidente denuncia à ONU “catástrofe causada pelos sauditas”

"Cessar a agressão, levantar o cerco, trocar prisioneiros, abrir o porto de Hodeidah e o aeroporto de Sana'a são passos necessários para início das negociações de paz", afirma o presidente iemenita (direita) ao enviado da ONU. (Foto Saba )

O presidente do Conselho Político Supremo que governa o Iêmen, Mahdi al-Mashat, recebeu Martin Griffith, enviado especial do secretário-geral da ONU Antonio Guterres, no dia 22, na capital Sana’a. Durante o encontro, o presidente iemenita relatou da grave situação de crise humanitária que a agressão saudita-americana tem provocado no seu país.

Uma situação, segundo o presidente, que “tem se agravado com a escalada da ação militar saudita, incluindo o ataque ao porto de Hodeidah, o que resultou em danos desastrosos com morte, deslocamento de civis, danos a diversos setores da economia”.

Al-Mashat saudou os esforços do enviado da ONU em levar adiante um processo de solução política para o conflito e a sua “boa vontade no sentido de aliviar a catástrofe humanitária causada pela agressão e cerco ao Iêmen”.

Segundo a agência iemenita de notícias, Saba, durante o encontro, Griffiths descreveu seus recentes movimentos e consultas com “diferentes partes”, confirmando que “há chances de trazer a paz e o fim do sofrimento humanitário ao povo do Iêmen”.

Na visita ao país agredido, o emissário da ONU foi recebido por uma Delegação Nacional encarregada das negociações de paz previstas e pelo líder da Revolução Iemenita, Abdul-Malik Badr al-Din al-Houthi.

No encontro com Martin Griffith, o líder iemenita destacou a importância de se estabelecer credibilidade e de se demonstrar vontade para que as negociações prosperem. “O que não existe por parte das foças agressoras” e que “isso é fundamental para que se busque uma solução política”.

Abdul-Malik ressaltou que “o sofrimento humano e econômico resultado da agressão e do bloqueio, atinge a todos os iemenitas e exacerba a crise”.

Malik ressaltou ainda, junto ao emissário os seus esforços positivos e acrescentou que “o primeiro passo é o fim da agressão e a eliminação de alegações injustificadas para mantê-la”.

Na questão econômica, enfatizou que “é necessário que parem com as restrições econômicas com as quais as forças agressivas continuam a atingir o país e sua moeda nacional”.

Ficou acertado que haverá uma nova rodada de consultas em dezembro. Devido aos combates na cidade portuária de Hodeidah, o emissário teve que suspender uma pretendida viagem à cidade.

No encontro com Griffith, a Delegação Nacional do Iêmen, encabeçada por Jalal al-Ruwaishan, ocorrido na quata-feira, expôs os crimes e violações dos agressores “contra o nosso país através de uma massiva escalada na costa oeste”.

Mesmo assim, os membros da delegação buscaram tratar de medidas que podem “construir confiança, incluindo as relativas a prisioneiros, à reabertura do aeroporto Internacional de Sana’a, ao levantamento do cerco e seus efeitos destrutivos sobre a economia e a vida nacional”.

A Delegação Nacional Iemenita também se declarou “pronta a cooperar com as Nações Unidas para garantir o sucesso de sua missão e para por fim à tragédia iemenita ao qual seu povo está sujeito no quarto ano de agressão e cerco”.

Por sua parte, o enviado da ONU falou de suas atividades durante a visita e das consultas no âmbito do Conselho de Segurança para “criar oportunidades reais pela restauração da paz no país”.

NATHANIEL BRAIA

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