Índice caiu 1,84% em maio, após queda de 0,95% no mês anterior
Com a divulgação do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) que caiu 1,84% em maio, após queda de 0,95% no mês anterior, cresce a pressão sobre Campos Neto, presidente do Banco Central, para redução da taxa básica de juros, a Selic, que ele mantém desde agosto do ano passado em 13,75%.
O índice medido pela Fundação Getúlio Vargas considera o impacto da inflação em diversos setores da economia e é referência para os reajustes dos aluguéis, assim como para compra e venda de imóveis.
Segundo o Ibre/FGV, com o resultado em maio, o índice acumula taxa negativa de -2,58% no ano e de -4,47% em 12 meses. Em maio de 2022, o índice havia subido 0,52% e acumulava alta de 10,72% em 12 meses.
“A deflação registrada no índice ao produtor (-2,72%), a maior de sua série histórica, foi influenciada pela redução dos preços de cinco grandes commodities, que juntas, respondem por aproximadamente 1/4 do peso total do IPA. Entre essas, vale citar o comportamento dos preços do minério de ferro (de -4,41% para -13,26%) e da soja (de -9,34% para -9,40%)”, afirma André Braz, Coordenador dos Índices de Preços.
O IGP-M em queda, assim como o IPCA-15 de maio, e o resultado do Boletim Focus do próprio BC, divulgado ontem, reduzindo a previsão para a inflação, aumentam a pressão sobre o presidente do Banco Central, Campos Neto, para a imediata redução dos juros.
Os juros impostos pelo BC, que elevou o Brasil ao primeiro lugar no mundo em juros reais (descontada a inflação), são apontados por amplos setores da sociedade como principal responsável pela estagnação da economia. São juros perversos que travam os investimentos, o consumo, a geração de emprego e lançam no desespero milhões de brasileiros, que não conseguem sequer pagar suas contas básicas, inadimplentes, em grande parte, com bancos com seus juros extorsivos, num cenário de lojas tradicionais encerrando as portas e demitindo. Milhões de pequenas e médias empresas estão inadimplentes e até grandes lojas entraram com pedidos de recuperação judicial e falência por causa dos juros elevados e queda nas vendas.
Mas, Campos Neto diz que tudo está melhorando. Afrontando a nação, culpa o presidente Lula e uma demanda que não existe – vide os resultados da produção industrial, das vendas no comércio e o volume do setor de serviços, que patinam – para beneficiar meia dúzia de rentistas. Não só não reduz os juros, como ameaça com mais aumento na taxa Selic.
IGP-M
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que registra as variações de preços de produtos agropecuários e industriais, antes da venda ao consumidor final, caiu 2,72% em maio, ante queda de 1,45% em abril. As quedas nos subgrupos foram generalizadas, com destaque para o subgrupo de alimentos processados que passou de 0,65% para -0,64% no período. O IPA é responsável por 60% da composição do IGP-M.
De acordo com a pesquisa, a taxa do grupo Bens Finais caiu 0,16% em maio. No mês anterior, a taxa do grupo havia subido 0,81%.
A principal contribuição para o resultado do IPA partiu do subgrupo alimentos processados, com a taxa caindo de +0,65% para -0,64%, no mesmo período. O índice relativo a Bens Finais (ex), que exclui os subgrupos alimentos in natura e combustíveis para o consumo, caiu 0,09% em maio, após alta de 0,80% no mês anterior.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que calcula a variação de preços de bens e serviços e tem 30% de peso no índice geral, variou de 0,46% em abril para 0,48% em maio.
Seis das oito classes de despesa que compõem o IPC apresentaram acréscimo, sendo que a maior influência partiu do grupo Alimentação, cuja taxa de variação passou de 0,36%, para 0,79%. Recuaram os grupos: Educação, Leitura e Recreação (-0,96% para -2,32%) e Transportes (0,85% para 0,50%), com destaques para as quedas na passagem aérea (-5,59% para -13,29%) e na gasolina (2,39% para -0,09%).
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), o terceiro que compõe o IGP-M com 10% de peso, que verifica os preços de materiais, serviços, mão de obra e outros, variou 0,40% em maio, ante 0,23% em abril. Os três grupos componentes do INCC tiveram as seguintes variações na passagem de abril para maio: Materiais e Equipamentos (0,14% para -0,06%), Serviços (0,65% para 0,64%) e Mão de Obra (0,23% para 0,75%).