Índice registrou queda de -1,93% no mês e retração de -6,86% em doze meses
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou na quinta-feira (29) o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado em larga medida para reajuste dos aluguéis. Em junho a variação do índice foi negativa em -1,93%. Foi o terceiro mês seguido de deflação. Em maio ficou negativo em -1,84% e em abril em -0,95%.
No acumulado do ano e dos últimos doze meses, o índice registra retrações de -4,46% e -6,86%, respectivamente. Esse último atingiu o menor valor da série histórica, iniciada em 1990.
Em termos práticos, o reajuste de um aluguel com data de contratação em primeiro de julho (aniversário) teria um reajuste reduzindo no valor do aluguel pelo índice negativo dos últimos doze meses. Procedimento igualmente correto para qualquer outro contrato que tenha o IGP-M como índice de atualização da inflação.
Mas, o conhecido indicador como “inflação do aluguel” é bem mais amplo, e é parâmetro para o reajuste das tarifas de serviços públicos (energia e telefonia) e em contratos de prestação de serviços.
O indicador abrange o movimento de preços, não apenas de diferentes atividades como também etapas distintas do processo produtivo. Compõem o IGP-M três outros índices de preços. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% da composição e teve queda de 2,73% em junho. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% e caiu 0,25% no mês. Já Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10%, foi o único que subiu, em 0,85% no mês.
IGP-M NEGATIVO EM 6,86% DERRUBA ARENGUE DE CAMPOS NETO
É mais um balde de água fria nos argumentos do Comitê de Política Monetária (Copom), com Campos Neto à frente, como presidente do colegiado e do Banco Central. Como sustentar a manutenção da taxa de juros básica da economia, a Selic, em 13,75% a.a., elevando os juros reais ao maior patamar do mundo, sob alegação de alta procura de bens e serviços, quando ela inexiste, como comprovam a queda geral dos negócios, assim como a queda dos diferentes índices que acompanham a inflação de preços.
Indiferente à derrubada dos preços, agora principalmente entre os produtos agropecuários, e negócios de empresas para empresas, o presidente do Banco Central (BC) fica falando em inflação de longo prazo e outras elucubrações que até Rolando Lero se espantaria.
A única que existe no papel é aquela que seus pares no mercado financeiro estipulam para compor os índices Focus, que o BC só tem feito acompanhar. O ministro Haddad, da Fazenda, já recomendou ao BC deixar de ler tanto os números do Focus. Nada mais sensato, pois qual a isenção daqueles que vivem da renda dos juros no estabelecimento da taxas que os remuneram?
“A inflação ao produtor registrou nova deflação, agora impulsionada pela queda dos preços dos combustíveis na refinaria. O preço do diesel encolheu 13,82%, enquanto a preço da gasolina caiu 11,69%. Afora tal contribuição, os preços de importantes commodities agropecuárias seguem em queda, como: milho (-14,85%) e bovinos (-6,55%)”, ponderou André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV-Ibre.
O IPC também recuou em junho (-0,25%) e a desaceleração dos preços foi disseminada por sete das oito classes de despesas que compõem o índice. Em maio, o índice variou +0,48%. A maior contribuição partiu do grupo Transportes, cuja taxa de variação passou de 0,50% para -1,68%. Nessa classe de despesa, os destaques também vieram do comportamento do item gasolina, cujo preço variou -3,00%, ante -0,09% na edição anterior.
A alta de 0,85% do INCC representa uma aceleração em relação a maio, quando o índice havia subido 0,40%. Os três grupos componentes do INCC registraram as seguintes variações na passagem de maio para junho: Materiais e Equipamentos (-0,06% para -0,15%), Serviços (0,64% para 0,18%) e Mão de Obra (0,75% para 1,81%).
Da mentalidade financista pode se esperar coisas terríveis. Faz parte da lógica do lucro a qualquer custo. Talvez o sr. Campos Neto queira impedir o aumento do consumo dos mais pobres e dos quase miseráveis que estão podendo usar o bolsa família vitaminada, cujo programa o atual governo impediu que fosse apenas um instrumento de campanha, como fez Bolsonaro, tornando-o permanente.
Como seus interesses, há tempos, são contrários ao desenvolvimento, não interessa ao atual presidente do Banco Central saber que a entrada desse dinheiro na economia não só vai dar o que comer e algo mais para seus beneficiários, ajudará a indústria a ocupar sua capacidade instalada, cuja ociosidade é superior, hoje, a 30%.
J.AMARO